“O artista tem um poder de atração muito grande, por isso é tão perseguido pelas autoridades e governos, reacionários. A arte é sempre um grito de liberdade; o ator convence, quando fala, da mesma forma como quando está representando”. Eu sou da opinião de que o ator, mesmo não tendo uma ideologia, deve ter consciência e visão política, caso contrário ele poderá ser um inocente útil de um Roberto Marinho, por exemplo. Eu sempre estava presente nos comícios do Lula, fui a primeira presidente de Sindicato, não operário, a aderir à Lula e ao movimento sindical de São Bernardo do Campo. Por essa razão, a Globo me tirou da novela e de lá para cá, já há uns dez anos, nunca mais trabalhei em nenhuma outra emissora de tevê. Eles cortaram meu direito civil ao trabalho. Hoje, o poder de Paulo Betti e de Antonio Fagundes é o mesmo fenômeno. Você já imaginou, por exemplo, um Tarcísio Meira com idéias de esquerda? O que faria Glória Menezes ou Regina Duarte, com idéias de esquerda? Seria uma coisa fantástica. É por conhecer a força de transformação de um artista, de um jornalista, que os donos das cadeias de tevê, jornais, cercam seus profissionais num círculo de fogo. Eu não me arrependo de nada do que fiz, só fico preocupada com o que ainda está por vir. No Brasil, é muito difícil fazer prognósticos porque na maioria das vezes o povo age de maneira emocional. É um povo muito vivo, inteligente, criativo, mas imprevisível. Ele também ignora a origem das coisas e, sobretudo, as conseqüências de certas coisas.Trate-se de um povo que não está acostumado a ligar causa e efeito, o que considero um grande defeito”.
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