Projeto concebido originalmente para a área de Ideias do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília, Mitos do Teatro Brasileiro é calcado na memória das artes cênicas nacionais.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Um poema para Dina Sfat

Público se emocionou em homenagem a Dina Sfat no Mitos do Teatro Brasileiro

Mariana Moreira

Publicação: 24/11/2011 09:51 Atualização:

 (Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press )

A emoção, as imagens, a presença cênica, a humanidade, as ideias. Num mosaico composto por teatro, vídeos e depoimentos, a atriz Dina Sfat foi evocada em sua inteireza, durante o encerramento do projeto Mitos do Teatro Brasileiro, na noite da última terça-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Sua força feminina, artística e política estava por toda parte: na areia e no pôr do sol do deserto, origem de sua família, levados ao palco em uma das cenas. Nas inúmeras fotos projetadas, que derramaram sobre o público seus olhos grandes e expressivos. Na voz dos colegas Maria Alice Vergueiro e Ednei Giovenazzi, que reviraram seus baús de recordações ao lado da amiga e colega de ofício.

O primeiro ato da exaltação à atriz foi o miniespetáculo Arena conta Dina Sfat, biografia teatralizada com base no método curinga, criado por Augusto Boal. Algumas pessoas da plateia foram colocadas no palco e sorteavam a ordem das cenas, escritas pelo diretor-dramaturgo Sérgio Maggio e interpretadas por J. Abreu e Juliana Drummond. Durante 35 minutos, fizeram um passeio por fatos marcantes de sua trajetória.

No princípio, havia a força das mulheres da família Kutner. (Sua avó, vinda de Sfat, cidade israelense conhecida como centro artístico e berço da cabala, sempre dizia: “Goza, minha filha. Goza e aproveite tudo o que puder”). Outros fragmentos relembraram o encontro com o marido, o ator Paulo José, e o mergulho no teatro politizante do Arena (a atriz chegou a participar de uma temporada de Eles não usam black-tie. No início, ela não era politizada, mas adorava ser porta-voz daquelas ideias). Seu enfrentamento à ditadura ganhou um capítulo especial. Durante a participação em um programa de televisão, teve um confronto velado com um general. Enquanto ele se vangloriava do regime ditatorial, a atriz reagia silenciosamente, com as expressões faciais. Ao ser questionada pelo militar se teria alguma pergunta para ele, respondeu: “Tenho medo de generais.”

O desabafo da pantera
Em sua fala, a atriz Maria Alice Vergueiro emocionou-se e tocou a plateia, ao traçar um paralelo entre a sua trajetória e a da amiga. Separada, com filhos pequenos, vinda da alta sociedade, a musa do Tapa na pantera sequer sabia se queria mesmo ser atriz. Tímida e desajeitada no ambiente masculino do Arena, sentia-se rejeitada por seus pares. Dina, percebendo sua fragilidade, a acolheu e aconselhou: “Bota pra quebrar”. “Hoje, entendo bem o caminho que ela me indicou e é um prazer estar aqui com ela comemorando essa luta da mulher. Dina misturou a família, pulou no palco e botou pra quebrar”, reconhece.

Ednei Giovenazzi (E) e Maria Alice Vergueiro emocionaram-se ao falar de Dina, enquanto Juliana Drummond e J. Abreu encenaram a biografia da atriz (Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press )
Ednei Giovenazzi (E) e Maria Alice Vergueiro emocionaram-se ao falar de Dina, enquanto Juliana Drummond e J. Abreu encenaram a biografia da atriz
Surpreso com o teor da homenagem, Ednei Giovenazzi, colega da atriz em inúmeras novelas e montagens teatrais (como o clássico Hedda Gabler, que teve um trecho encenado) selecionou fatos históricos, mas decidiu dar um tom emocional à sua fala. Recordou a primeira vez em que a viu no palco, com o frescor de uma iniciante. “Quando vemos um ator pela primeira vez, temos a sensação de que ele está atuando como se fosse a sua estreia. Ela tinha uma espontaneidade física, gestos expressivos, nunca era demais ou de menos”, relata.

A aproximação dos dois se deu quando ela o convidou para o papel de mocinho em Hedda Gabler. Mas, nos ensaios, o ator sentia que não alcançava o tom e as expectativas da colega. Durante a temporada, alimentou uma certa insegurança, que só se dissipou na última sessão da peça, em Fortaleza. Na cena em que deveria lhe entregar uma arma, a atriz aproximou-se de seu rosto e lhe roçou os lábios suavemente. “Ali, nossa amizade estava selada para sempre. Foi o momento mais feliz da minha vida em cena”, reconhece.


O LADO MAMÃE
» As entrevistas em vídeo também completaram o relicário afetivo em torno de Dina. O cantor Milton Nascimento, fã confesso de teatro, teve a oportunidade de contracenar com ela no filme Os deuses e os mortos, de Ruy Guerra. “Ela fez o papel de uma louca, mas que dizia coisas muito sérias. Era uma atriz completamente divina”, conta ele, que se inspirou na musa para compor a canção Cravo e canela. Antônio Gilberto, que trabalhou durante anos com a atriz e é autor da biografia Dina Sfat: retratos de uma guerreira, montou uma exposição com retratos dela. Uma das curiosidades da noite foi a exibição de um vídeo da estrela, ao lado da cantora Elis Regina e da atriz Regina Duarte. As três brincam com os filhos, ainda bebês, enquanto interpretam o poema Enjoadinho, de Vinicius de Moraes (“Filhos, melhor não tê-los. Mas se não os temos, como sabê-lo?”).

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Musa Guerreira


Dina no papel de Heloísa de Lesbos, em O rei da vela, montagem do Oficina de 1966 que modernizou o teatro

Dina Sfat é homenageada na última edição do projeto Mitos do Teatro Brasileiro

Mariana Moreira


Durante uma entrevista, ela se comparou à sabra, fruto de cacto comum em Israel: espinhosa e angulosa por fora, doce de enjoar por dentro da casca. Autoanálises à parte, Dina Sfat carregou consigo esse traço de mulher do deserto, que vira a vida do avesso. De família judia, nascida em São Paulo, ela rompeu com as expectativas ao trilhar caminhos inesperados. Deixou a tradição de lado para tornar-se uma das atrizes mais admiradas e carismáticas do Brasil, além de artista com forte verve intelectual, engajada nas causas pertinentes a seu tempo e com senso de cidadania. Essa história tortuosa foi escolhida para encerrar o projeto Mitos do Teatro Brasileiro nesta terça-feira (22/11), às 20h, no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com entrada franca.

“É importante incluí-la entre os mitos do teatro, porque a maioria das pessoas a associa às novelas”, destaca J. Abreu, ator e codiretor do projeto. As participações televisivas foram profícuas, mas a dedicação ao teatro não ficou atrás. Ao longo da carreira, a atriz dedicou-se a clássicos da dramaturgia, como Mandrágora, de Maquiavel, Santo Inquérito, de Dias Gomes, e o grande sucesso Hedda Gabler, de Henrik Ibsen, além de integrar o elenco das duas maiores companhias de referência do teatro moderno no Brasil (Arena e Oficina).

No cinema, uma de suas personagens foi Cy, de Macunaíma, filme dirigido por Joaquim Pedro de Andrade com base na obra de Mario de Andrade. Tamanha versatilidade e capacidade de se desdobrar em vários papéis foi definida pela atriz Renata Sorrah como um “star system”: ela conseguia atuar com maestria na tevê, no cinema e nos palcos. Dina Sfat morreu em março de 1989, em consequência de um câncer de mama. Tinha 50 anos.

Seguindo a dinâmica estabelecida nas homenagens anteriores, a noite terá a presença de convidados e projeções de material de arquivo, além de atores da cidade (J. Abreu e Juliana Drummond) em cenas inéditas inspiradas na vida de Dina, escritas pelo jornalista e dramaturgo Sérgio Maggio. Os amigos a prestar tributo à atriz nesta edição são Maria Alice Vergueiro e Ednei Giovenazzi.

Colega de Dina em novelas e nos palcos, Giovenazzi se encantou com a beleza, personalidade e força daquela novata nos palcos. “Ela tinha um espírito revolucionário. Fiquei chapado. Suas técnicas gestual, vocal e sua medida eram perfeitas”, elogia ele, admitindo que atores não têm o hábito de enaltecer o trabalho dos colegas. “Quando recebi o convite para ir a Brasília, vi a oportunidade de dizer todas as coisas que não disse a ela em vida”, afirma.

Giovenazzi se encantava com a performance da atriz na novela Selva de pedra, em que contracenaram. “A minha personagem protegia a da Regina Duarte, e a dela maltratava. E como maltratava, com aquele olhar fulminante. Eu era artisticamente apaixonado por Dina”, revela.

Nos tempos de Teatro de Arena, a atriz aproximou-se de Maria Alice Vergueiro, outra diva do teatro, que esteve recentemente na cidade, com a peça As três velhas, e ressurgiu para o grande público com o vídeo Tapa na pantera, sucesso na internet. “Ela tinha uma personalidade interessante. Não era dada a muito sectarismo, numa fase em que a cabeça da moçada era radical. Era, antes de tudo, uma artista, tinha muito talento e cantava muito bem”, elogia Maria Alice.

Enquanto Maria Alice se sentia tímida, cheia de pudores, a amiga era mais livre. “Ela era mais Leila Diniz”, brinca. As afinidades entre as duas extrapolaram o espaço cênico. “Às vezes, uma atriz é correta, faz tudo direitinho, mas sem aquele brilho. Em Arena conta Tiradentes e Arena conta Zumbi, ela brilhava em cena”, destaca.

Arena conta
Inspirados nessas obras do dramaturgo Augusto Boal (outro homenageado do projeto), Sérgio Maggio e J. Abreu criaram uma versão da montagem para compartilhar com o público passagens importantes da biografia da atriz. Arena conta Dina Sfat será um miniespetáculo, com duração aproximada de meia hora, e seis esquetes. O público, convidado a formar uma semiarena no palco, escolherá a ordem das cenas, que contam um pouco de tudo: a carreira, o casamento com o ator Paulo José (eles tiveram três filhas, Isabel, Ana e Clara), o feminismo, o enfrentamento à ditadura, a luta pela legalização do aborto.

As cenas seguintes trarão o diálogo da atriz com um crítico teatral, nos bastidores de Hedda Gabler, e ainda uma sequência em que seus pensamentos de natureza artística, política e pessoal serão pendurados em uma árvore. Na pele de Dina, estará a atriz Juliana Drummond. “Ela fez essa fusão entre a atriz e a mulher cidadã para falar sobre questões importantes. É uma honra ser canal e instrumento para essa homenagem”, reconhece ela.

A menina judia, que começou a vida profissional em um laboratório de análises clínicas — e, no auge da fama, desistiu do horário nobre para se dedicar à ribalta — também será lembrada em vídeos. Um deles, raridade, mostra Dina mocinha, em um programa de tevê. “Ela começou querendo ser atriz famosa, nos moldes de Hollywood. Mas, no Teatro de Arena, incorporou o discurso de que o papel do artista é também social, e isso mudou sua vida”, frisa J. Abreu. Vida que, com a ousadia do talento e a solidez do solo desértico, Dina Sfat virou do avesso.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Dina Sfat, atriz-cidadã


Analisando a trajetória da intérprete Dina Sfat, comenta o crítico Alberto Guzik: "Apaixonada e coerente, não poucas vezes Dina viu declarações suas transformadas em berços de polêmica. Mas sempre teve a coragem de sustentar suas idéias francamente e nunca se fechou ao diálogo. Quanto a seu trabalho em cena, embora fosse uma intérprete de bons recursos cênicos, voz trabalhada e evidente perícia na composição de caracteres, o que a destacava era a paixão. A vibração de sua presença, a imperiosa honestidade com que desenhava suas atuações, valeram-lhe uma posição de destaque, que a atriz manteve sempre com enorme dignidade".1

Dina Sfat, mulher de opinião



Não é possível desligar sua vida artística de sua ativa participação na vida cultural e política do país, seja integrando movimentos em prol da democracia ou da liberdade de expressão. Sua forte liderança neste campo é tão grande que, numa aula da Escola Superior de Guerra, um general a define como "líder feminista vinculada à estratégia de poder da extrema-esquerda". Ela, de fato, noticiou que sairia candidata ao cargo de vice-presidente do país pela sigla do Partido Comunista do Brasil - PCB, em 1984, mas jamais integra algum partido ou filia-se a qualquer facção política. Seu inconformismo e legítimo sentido de liberdade ancoram-se em generosa visão da vida e do mundo, sem sectarismos.

Ao descobrir-se com câncer, luta durante três anos contra a doença. Viaja para a Rússia, em tratamento, aproveitando para fazer um documentário para a TV, no momento em que a perestróika dava seus primeiros passos, levantando muita curiosidade sobre o assunto.

De seu casamento com Paulo José nascem três filhas. Ana e Bel Kutner tornam-se, igualmente, atrizes. Clara torna-se diretora.

Pouco antes de morrer lança uma autobiografia, Dina Sfat - Palmas pra que Te Quero, escrita em parceria com a jornalista Mara Caballero.

Dina, estrela do cinema e da tevê


Na televisão, Dina Sfat protagoniza novelas de grande projeção, tornando-se atriz de larga empatia e reconhecimento popular. Entre outras, destaca-se em Selva de Pedra, em 1972; Os Ossos do Barão, 1973; Saramandaia, 1976; O Astro, 1977; Bebê a Bordo, 1988; além das minisséries Avenida Paulista, em 1982, e Rabo de Saia, em 1984.

No cinema firma sua personalidade sempre densa, dramática e cheia de sutilezas em algumas películas de repercussão, lastreando seu prestígio. Como Jardim de Guerra, 1970; Tati, a Garota, 1973; Álbum de Família e Eros, o Deus do Amor, ambos em 1981; Das Tripas Coração, Tensão no Rio e O Homem do Pau Brasil, todos em 1982, sendo que neste último interpreta a pintora Tarsila do Amaral; deixa inacabado O Judeu, só concluído em 1995.

Dina Sfat, estrela independente




Dissolvidos os dois grandes conjuntos teatrais dos anos 1960, Dina passa a aceitar contratos com produções independentes, alternando sua vida artística entre a televisão e o cinema. Seu currículo teatral registra expressivos desempenhos em Dorotéia Vai à Guerra, de Carlos Alberto Ratton, 1973; A Mandrágora, de Maquiavel, 1975; ambos direção de Paulo José. Participa da montagem de O Santo Inquérito, de Dias Gomes (1923 - 1999), 1976, dirigida por Flávio Rangel. Está em Seis Personagens à Procura de uma Autor, de Luigi Pirandello, mais uma direção de Paulo José, em 1977. Integra o elenco em Murro em Ponta de Faca, de Augusto Boal, 1979, primeira peça abordando a problemática dos exilados políticos a chegar aos palcos.

Torna-se produtora dos espetáculos que protagoniza, em As Criadas, de Jean Genet, 1981, e Hedda Gabler, de Henrik Ibsen, 1982. Esse último espetáculo alcança grande adesão de público não só no Rio de Janeiro, onde estréia, mas também numa longa tournée por vários Estados. Sua despedida dos palcos ocorre com A Irresistível Aventura, quatro peças em um ato dirigidas por Domingos Oliveira, 1984.

Dina Sfat do Arena ao Oficina



Filma Corpos Ardentes, de Walter Hugo Kouri, com expressivos resultados; o que a conduz ao desempenho da guerrilheira Cy, de Macunaíma, filme de Joaquim Pedro de Andrade realizado em 1969, onde brilha ao lado de Paulo José, o protagonista. Eles se conhecem desde o Teatro de Arena, mas é a partir daí que passam a assumir uma relação marital estável.Integra os elencos de O Melhor Juiz, o Rei, de Lope de Vega, 1963; Tartufo, de Molière, 1964; e ganha o Prêmio Governador do Estado de São Paulo de melhor atriz em Arena Conta Zumbi, 1965, musical de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, todas com direção de Augusto Boal. Em 1967, participa de Arena Conta Tiradentes, novamente autoria de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, no mesmo teatro.

No final desse ano aceita um desafio: substituir às pressas Ítala Nandi no papel de Heloisa de Lesbos de O Rei da Vela, texto de Oswald de Andrade (1890 - 1954) encenado por José Celso Martinez Corrêa para o Teatro Oficina, conquistando as atenções do Rio de Janeiro.

Filma Corpos Ardentes, de Walter Hugo Kouri, com expressivos resultados; o que a conduz ao desempenho da guerrilheira Cy, de Macunaíma, filme de Joaquim Pedro de Andrade realizado em 1969, onde brilha ao lado de Paulo José, o protagonista. Eles se conhecem desde o Teatro de Arena, mas é a partir daí que passam a assumir uma relação marital estável.

Dina Kutner vira Dina Sfat


Dina Kutner de Souza (São Paulo SP 1938 - Rio de Janeiro RJ 1989). Atriz. Inquieta, profunda, dona de uma presença física singularmente sedutora e de uma aguda inteligência interpretativa, Dina Sfat distingue-se, na sua carreira teatral, pela exigência e coerência com que seleciona os seus compromissos profissionais. É uma das artistas de proa que verbalizam e expressam as reivindicações nacionais contra a injustiça e a opressão durante o período da ditadura.

Filha de judeus poloneses, começa a trabalhar aos 16 anos em um laboratório de análises clínicas. Em 1962 faz uma ponta em Antígone América, de Carlos Henrique Escobar, montagem de Antônio Abujamra para Ruth Escobar. Volta ao amadorismo, como integrante de um grupo estudantil do centro acadêmico de engenharia da Universidade Mackenzie. Dessa experiência nasce seu contato com o Teatro de Arena, onde estréia profissionalmente substituindo a atriz que interpretava Manuela, a filha em Os Fuzis da Senhora Carrar, texto de Bertolt Brecht, dirigido por José Renato, em 1962. Adota, então, o nome artístico de Dina Sfat, homenageando a cidade natal de sua mãe.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O Sol de Dulcina



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Vanessa Goulartt

Qui, 05 de Maio de 2011 12:35

O nosso país não tem memória, ou pelo menos ela anda tão fraca que precisa de uma dose cavalar de fosfosol. Será que o povo brasileiro sabe quem foi Dulcina de Moraes? Se perguntarmos pelas ruas sobre Dulcina garanto que poucos lembrariam da grande atriz, empresária e educadora.
Tive a oportunidade de assistir a estreia de um projeto extremamente importante e oportuno: "Mitos do Teatro Brasileiro", patrocinado e apresentado pelo Banco do Brasil, por enquanto só apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília. A proposta é trazer ao palco a trajetória de ícones do nosso teatro, na noite inicial a homenageada foi Dulcina de Moraes.
O diferencial é a mescla da linguagem teatral com a informação jornalística. A dramaturgia é assinada pelo jornalista Sergio Maggio e através de breves cenas a plateia conheceu momentos importantes e também curiosidades sobre a carreira de Dulcina.
Como convidadas da noite as atrizes Nicette Bruno e Françoise Fourton abrilhantaram a apresentação participando do talk - show que compõe a característica jornalística do evento. "Ela era um sol", disse Nicette sobre a homenageada em uma noite repleta de emoção. Como mestres de cerimônia os atores brasilienses Jones Schneider e Luciana Martuchelli, antigos alunos de Dulcina, combinaram leveza e sensibilidade.
Através desta linguagem inovadora a plateia presente pode conhecer ou relembrar o trabalho de uma das grandes damas do nosso teatro. Dulcina abriu mão de sua companhia teatral de grande sucesso e foi construir um sonho, a Faculdade Dulcina de Moraes (Fundação Brasileira de Teatro). Escolheu Brasília como chão, terra de pioneiros como ela e abriu a cortina do grande espetáculo de sua vida. Todos nós sentimos o calor do sol que ela era
Viva Dulcina, viva o teatro brasileiro!

Vanessa Goulartt

Sou atriz e jornalista. Nascida em uma família de artistas, sou neta de Paulo Goulart e Nicette Bruno e filha de Bárbara Bruno, o universo teatral sempre foi o meu ambiente, a minha casa. Curiosa por natureza estou constantemente a procura de novidades e atenta aos acontecimentos. Procuro registrá-los com poesia e humor, que para mim são os temperos da vida. Bem vindos ao meu novo espaço! Entrem e comentem!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Guerrilheira dos palcos




CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL E MITOS DO TEATRO BRASILEIRO — ANO II ENCENAM A VIDA E OBRA DE DINA SFAT, ATRIZ ÍCONE DA MODERNIDADE

No gene de Dina Sfat, corre a força das mulheres do deserto judeu. A fibra de luta é uma característica permanente na trajetória de uma das mais inquietantes atrizes da história do teatro brasileiro. De secretária e menina criada para o casamento judeu, rompeu-se uma artista que politicamente pôs o destino pelo avesso. Com presença marcante nos dois coletivos que nacionalizaram o teatro brasileiro, Arena e Oficina, a menina judia que nasceu no Alto da Lapa (RJ) construiu uma carreira de repertório impecável no teatro, no cinema e na televisão. No dia 22 de novembro, terça-feira, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o projeto Mitos do Teatro Brasileiro rende-se à memória da jovem dama, morta aos 50 anos, com as presenças de Maria Alice Vergueiro e Ednei Giovenazzi. A entrada é franca e as senhas serão distribuídas uma hora antes da apresentação.

A arte de Dina Sfat foi semeada pela dedicação e pela descoberta de um teatro potente capaz de dialogar com o mundo presente. Ela começa encenando textos de Brecht no Teatro do Estudante, de Paschoal Carlos Magno, até entrar, pelas mãos de Augusto Boal, no Arena, onde se faz presente nas antológicas montagens Arena Conta Zumbi e Arena Conta Tiradentes. Ali, em ambiente predominantemente masculino, desbrava a atuação feminina e política no teatro nacional, uma das bandeiras que carrega até a morte precoce em 1989. A atriz está também associada à histórica temporada de O rei da vela, do Teatro Oficina, em 1968, que associa o movimento teatral à Tropicália.

Para testemunhar sobre os caminhos artísticos de Dina Sfat, Maria Alice Vergueiro volta a Brasília a fim de relembrar a antropofagia de O rei da vela e a presença marcante de Dina Sfat no teatro. “Adoro ela, tenho carinho e boas lembranças de trabalhos divididos”, lembra a dama do teatro cult no Brasil, que recentemente fez estrondoso sucesso no palco do CCBB com As três velhas. Ao seu lado, estará um dos atores mais talentosos e dedicados à arte teatral no país, Ednei Giovenazzi, que fez, com Dina Sfat, um dos seus maiores sucessos: Hedda Gabler. “Sempre penso em Dina, é como uma oração”, confessa. No formato de teatro-documentário, os depoimentos de Maria Alice Vergueiro e Ednei Giovenazzi estarão misturados a cenas escritas pelo diretor-dramaturgo Sérgio Maggio e vividas pelos atores J. Abreu e Juliana Drummond.

Mitos do Teatro Brasileiro é projeto alicerçado na memória daqueles que fizeram do teatro uma missão de vida e de expressão. Durante dois anos, encenou biografias cênicas de Dulcina de Moraes, Dercy Gonçalves, Procópio Ferreira, Cacilda Becker, Nelson Rodrigues, Chico Anysio, Maria Clara Machado, Plínio Marcos, Paulo Autran, Lélia Abramo e Augusto Boal. “Pelo palco do CCBB Brasília, montamos uma panorama profundo e sensorial sobre a saga do teatro nacional do século 20, das companhias aos coletivos modernos. Além do sucesso de público e crítica, vimos surgir diante dos nossos olhos um profundo amor da plateia ao teatro brasileiro ”, aponta Maggio.


 Acompanhe a pesquisa do projeto no blog
 www.mitosdoteatrobrasileiro.blogspot.com e siga-o no Twitter @mitosdoteatro


SERVIÇO:

Mitos do Teatro Brasileiro — Dina Sfat
Data: 22 de novembro
Horário: terça-feira, às 20h
Duração: 100 minutos
Ingressos: Entrada franca. Senhas serão distribuídas na bilheteria com uma hora antecedência.
Direção e dramaturgia: Sérgio Maggio
Com: J. Abreu e Juliana Drummond
Debatedores: Maria Alice Vergueiro e Ednei Giovenazzi
Classificação indicativa: 12 anos
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB) – SCES, Trecho 2, Lote 22, Brasília
Telefone: (61) ) 3108-7600


O CCBB disponibiliza ônibus gratuito, identificado com a marca do Centro Cultural. O transporte funciona de terça a domingo, saindo do Teatro Nacional a partir das 11h.

Trajeto e Horários


Teatro Nacional: 11h, 12h25, 13h50, 15h15, 16h40, 18h05, 19h30, 20h55, 22h
SHN – Manhattan: 11h05, 12h30, 13h55, 15h20, 16h45, 18h10, 19h35, 21h, 22h05
SHS – Hotel Nacional: 11h10, 12h35, 14h, 15h25, 16h50, 18h15, 19h40, 21h05, 22h10
SBS – Galeria dos Estados: 11h15, 12h40, 14h05, 15h30, 16h55, 18h20, 19h45, 21h10, 22h15
Biblioteca Nacional: 11h20, 12h45, 14h10, 15h35, 17h, 18h25, 19h50, 21h15, 22h20
UNB – Inst. Artes: 11h30, 12h55, 14h20, 15h45, 17h10, 18h35, 20h, 21h25, 22h30
UNB – Biblioteca: 11h35, 13h, 14h25, 15h50, 17h15, 18h40, 20h05, 21h30, 22h35
CCBB: 12h10, 13h35, 15h, 16h25, 17h50, 19h15, 20h40, 21h45, 22h45


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