"Nos anos 30 nós ainda vivíamos numa outra época quando tudo era ilegal, uma vez que o Partido Comunista também era ilegal. Era um momento em que os stalinistas lutavam contra os trotskistas. Ao invés de os stalinistas se colocarem contra a burguesia eles escolhiam se colocar contra os trotskistas. O movimento trotskista surgiu de um grupo pequeno, embora muito forte e que teve seu início por volta de 1929/30. Em São Paulo, por exemplo, Mário Pedrosa, Fúlvio Abramo, Aristides Lobo, Mario Xavier, entre outros faziam parte dele. Já no Rio de Janeiro eram outras pessoas, entre elas Raquel de Queiroz e seu marido, José Aldo. Naquela época não era como agora onde as pessoas ingressam num partido na hora em que bem entendem, antes, porém, eram obrigadas a passar por um estágio de comprometimento e mostrar trabalho durante uns cinco anos antes de ingressarem. Funcionava como um convento, e o partido comunista também fazia o mesmo. Quando estourou a Revolução de 35 (a Intentona) eu pertencia ao Sindicato dos Comerciários, sendo a primeira mulher a participar da direção de um Sindicato. Não sei no restante do Brasil, mas em São Paulo tenho certeza que sim. Eu ainda era mocinha, e nós tivemos lutas terríveis com grandes assembléias que contava com a participação de duas mil pessoas. Em pouco tempo, conseguimos duplicar o número de sócios para quatro cinco mil e aí o Sindicato cresceu”.
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