Projeto concebido originalmente para a área de Ideias do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília, Mitos do Teatro Brasileiro é calcado na memória das artes cênicas nacionais.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Mitos no Twitter @mitosdoteatro


    1. juliannanaves Adorei o projeto Mitos do Teatro Brasileiro sobre Nelson Rodrigues. "Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu".
    2. Perfil_normalalvarodyogo Enquanto isso, projeto MITOS DO TEATROBRASILEIRO homenageia Nelson Rodrigues daqui a pouco, em Brasília: http://migre.me/15MvU Queria ir!
    3. Mah-pro-twitter_normaljornalistabrito Fui, galera! Já já, às 19h30, Mitos do TeatroBrasileiro de GRAÇA no CCBB. As senhas começam a ser distribuídas às 18h30!
    4. Mais-myspace_normalmaisteatrobr Mitos do #Teatro Brasileiro saúda Nelson Rodrigues! http://migre.me/15JhJ
    5. Ico_normalbethgoulart #FYI Hoje às 19h30 @bethgoulart fará participação no evento Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues no CCBB, SP (...) via @onlinepress
    6. Default_profile_normalCDN_ RT @jornalistabrito: Bom dia, gente! Hoje tem Mitos doTeatro Brasileiro - Nelson Rodrigues. E o melhor: é de graça! Começa às 19h30, lá no CCBB! #ficaadica
    7. Icon_normalonlinepress #FYI Hoje às 19h30 @bethgoulart fará participação no evento Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues no CCBB, SP Inf. (11) 3310.7087
    8. Mah-pro-twitter_normaljornalistabrito em homenagem ao Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues, vou postar umas frases polêmicas e famosas dosaudoso "Anjo Pornográfico"...
    9. Imagem3_334_normalthccastro RT @jornalistabrito: Bom dia, gente! Hoje tem Mitos doTeatro Brasileiro - Nelson Rodrigues. E o melhor: é de graça! Começa às 19h30, lá no CCBB! #ficaadica
    10. Imagem1_normalnSany RT @jornalistabrito: Bom dia, gente! Hoje tem Mitos doTeatro Brasileiro - Nelson Rodrigues. E o melhor: é de graça! Começa às 19h30, lá no CCBB! #ficaadica
    11. Image_normallsvasconcelos RT @jornalistabrito: Bom dia gente! Hj tem Mitos doTeatro Brasileiro - Nelson Rodrigues. ENTRADA FRANCA! Começa às 19h30, no @CCBB_DF!
    12. Eu_normalisabelaseabra RT @jornalistabrito: Bom dia, gente! Hoje tem Mitosdo Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues. E o melhor: é de graça! Começa às 19h30, lá no CCBB! #ficaadica
    13. Avatadf_normalCCBB_DF RT @jornalistabrito: Bom dia, gente! Hoje tem Mitos doTeatro Brasileiro - Nelson Rodrigues. E o melhor: é de graça! Começa às 19h30, lá no CCBB! #ficaadica
    14. Mah-pro-twitter_normaljornalistabrito Bom dia, gente! Hoje tem Mitos do TeatroBrasileiro - Nelson Rodrigues. E o melhor: é de graça! Começa às 19h30, lá no CCBB! #ficaadica
    15. 38156_136236949741544_100000657181320_230593_2170829_n_normalnininharuarte Amanhã! Mitos do Teatro Brasileiro no@CCBB_DFhttp://www.bb.com.br/portalbb/page511,128,10175,1,0,1,1.bb?dtInicio=8/2010&codigoEvento=3442
    16. Yellow_normalvitor_correa RT @mitosdoteatro: Dia 18 (quarta) no @CCBB_DFtem Mitos do Teatro Brasileiro Nelson Rodrigues, 19h30, Gratis, com Beth Goulart e Camilla Amado Deem RT. Bjs
    17. Dsc02591_normalsandracury RT @mitosdoteatro: Dia 18 (quarta) no @CCBB_DFtem Mitos do Teatro Brasileiro Nelson Rodrigues, 19h30, Gratis, com Beth Goulart e Camilla Amado Deem RT. Bjs
    18. Hahahah_normalbarbaragontijo RT @mitosdoteatro: Dia 18 (quarta) no @CCBB_DFtem Mitos do Teatro Brasileiro Nelson Rodrigues, 19h30, Gratis, com Beth Goulart e Camilla Amado Deem RT. Bjs
    Yellow_normal
    vitor_correa RT @mitosdoteatro: Dia 18 (quarta) no @CCBB_DF tem Mitos do Teatro Brasileiro Nelson Rodrigues, 19h30, Gratis, com Beth Goulart e Camilla Amado Deem RT. Bjs
  1. Sany2498_normal sandracury RT @mitosdoteatro: Dia 18 (quarta) no @CCBB_DF tem Mitos do Teatro Brasileiro Nelson Rodrigues, 19h30, Gratis, com Beth Goulart e Camilla Amado Deem RT. Bjs
  2. Hahahah_normal barbaragontijo RT @mitosdoteatro: Dia 18 (quarta) no @CCBB_DF tem Mitos do Teatro Brasileiro Nelson Rodrigues, 19h30, Gratis, com Beth Goulart e Camilla Amado Deem RT. Bjs
  3. Eu_normal sergiomaggio RT @mitosdoteatro: Imagens do Mitos do Teatro Brasileiro Dercy Gonçalves e Procópio Ferreira no www.mitosdoteatrobrasileiro.blogspot.com
  4. Eu_normal sergiomaggio RT @mitosdoteatro: Dia 18 (quarta) no @CCBB_DF tem Mitos do Teatro Brasileiro Nelson Rodrigues, 19h30, Gratis, com Beth Goulart e Camilla Amado Deem RT. Bjs
  5. Default_profile_normal carollp_ @diAlbuquerque_ Look that: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  6. Parque_sem_cor_normal rafaelpagipe RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  7. Eu_c_pia-1_normal mairacbr RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  8. 665c5ee9-4507-4f69-9cd0-babb19997297_normal LunaMoreno RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  9. Sl271930-1_modified_normal _JuniorWalker_ RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  10. Imagem_016_normal MarinaFrizzera RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  11. Valerio3_normal valeriomp RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  12. Mah-pro-twitter_normal jornalistabrito RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  13. 04102009_023__normal pinguman RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  14. Image_normal wesleyfalo RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  15. Image_normal lsvasconcelos RT @luciana_os: #Teatro - Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues @CCBB_DF dia 18 de agosto, às 19h30. ENTRADA FRANCA!!
  16. Avatar2_normal Jam_Marinho RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  17. 41442_591527935_1961_q_normal thiagopiruka RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  18. 201006191501_324_normal PauloAlcantara RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  19. L_9628cb86e033ff0046091b8996f78769_1__normal manesq3 RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  20. Avatadf_normal CCBB_DF RT @luciana_os: Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca
  21. Brinco_normal luciana_os Mitos do Teatro Brasileiro - Nelson Rodrigues CCBB dia 18 de agosto 19h30 entrada franca

Perene

Ninguém, antes de Nelson Rodrigues havia apreendido tão profundamente o caráter do país. E desvendado, sem nenhum véu mistificador, a essência da própria natureza do homem. O retrato sem retoques do indivíduo, ainda que assuste em pormenores, é o fascínio que assegura a perenidade da dramaturgia rodrigueana".

Os posts a seguir são da Enciclopédia Itaú Cultural

O mais representado

Sobre a assimilação e receptividade da obra rodriguiana na cena nacional, escreve seu maior estudioso, o crítico Sábato Magaldi: "Nelson Rodrigues tornou-se desde a sua morte, em 21 de dezembro de 1980, aos 68 anos de idade (ele nasceu em 23 de agosto de 1912), o dramaturgo brasileiro mais representado - não só o clássico da nossa literatura teatral moderna, hoje unanimidade nacional. Enquanto a maioria dos autores passa por uma espécie de purgatório, para renascer uma ou duas gerações mais tarde, Nelson Rodrigues conheceu de imediato a glória do paraíso, e como por milagre desapareceram as reservas que, às vezes, teimavam em circunscrever sua obra no território do sensacionalismo, da melodramaticidade, da morbidez ou da exploração sexual.

Universo interior

Na maioria das obras do autor Nelson Rodrigues, a realidade tem apenas o papel de situar a ação, que se concentra de fato sobre o universo interior das personagens. O jogo entre a verdade interior - nem sempre psíquica - e a máscara social é outro elemento recorrente em sua dramaturgia. as personagens podem se desmascarar ao longo da narrativa - como em Beijo no Asfalto ou Toda Nudez Será Castigada - ou estarem francamente libertos de qualquer censura interna ou externa como em Álbum de Família - e, nesse caso, a supressão das leis da conveniência que permite o convívio termina em tragédia absoluta, restando pouca vida ao final da narrativa. A morte, como em toda a tragédia, ronda as tramas do autor e, via de regra múltipla, marca o último ato. Com exceção de Viúva, porém Honesta e Anti-Nelson Rodrigues, a morte, nas demais 15 peças, atinge as personagens centrais e toda a narrativa se desenha em torno da inevitabilidade desse destino.

Adaptações no cinema

Nelson Rodrigues tem vinte de suas histórias transpostas para a tela do cinema, algumas em duas versões, como Boca de Ouro, de Nelson Pereira dos Santos, 1962, e de Walter Avancini, 1990, e Bonitinha, mas Ordinária, de R. P. de Carvalho, 1963, e de Braz Chediak, 1980. Algumas das realizações mais bem-sucedidas são A Falecida, de Leon Hirszman, 1965, e O Casamento, de Arnaldo Jabor, 1975. Suas crônicas para O Jornal, sob o pseudônimo de Suzana Flag, são publicadas em livros, como Meu Destino é Pecar, As Escravas do Amor e O Homem Proibido. Escreve também para os periódicos Última Hora, Flan, Correio da Manhã, O Globo e Manchete Esportiva. Assinando artigos sobre esporte, não priva o leitor de seu estilo dramático, atendo-se muitas vezes ao sentido da rivalidade, ao significado do gol, ao efeito do suor sobre a subjetividade da platéia brasileira.

Remontagens

Os textos de Nelson Rodrigues ganham dezenas de remontagens ao longo das próximas décadas. Léo Jusi, Ivan de Albuquerque, Osmar Rodrigues Cruz, Roberto Lage, Eduardo Tolentino de Araújo, Emílio Di Biasi, Antunes Filho, Antônio Abujamra, Antônio Pedro Borges, Paulo Betti, Gabriel Villela, Moacyr Góes, Luiz Arthur Nunes e Marco Antonio Braz, são alguns diretores que encenam a sua própria versão das obras de Nelson, às vezes até adaptando seus romances, contos e crônicas jornalísticas para o teatro.

A serpente

A última peça de Nelson Rodrigues, A Serpente, é escrita em 1978. Duas irmãs casam-se no mesmo dia, uma é feliz no casamento e a outra não consegue sequer perder a virgindade em sua lua-de-mel. A bem-sucedida empresta o marido à irmã, trazendo paixão, ciúmes e morte para a relação fraternal. Sobre a peça paira um certo rótulo de "maldita", superstição conhecida dentro da classe teatral, tendo, no mínimo, três expectativas de montagem frustradas. O espetáculo acaba por estrear em 1980, dirigida por Marcos Flaksman, no Teatro do BNH, no Rio de Janeiro, casa de espetáculos que ganha o nome de Teatro Nelson Rodrigues, após a morte do autor.

Decepção

Em 1967, é a vez de subir a cena a terceira peça de Nelson, Álbum de Família, escrita em 1945 e logo proibida pelos censores, liberada somente 20 anos depois. O Teatro Jovem, de Kleber Santos, assume a montagem, tendo Vanda Lacerda, José Wilker e Thelma Reston, entre outros, no elenco.

Os compromissos jornalísticos, a decepção com a receptividade de suas peças e os problemas de saúde fazem com que Nelson deixe de escrever para o teatro durante oito anos. Seu penúltimo texto dramático é Anti-Nelson Rodrigues, de 1973, e, ao contrário das anteriores, dá um final feliz aos protagonistas da trama. Neila Tavares, responsável por convencer o dramaturgo a escrever para ela, incorpora a personagem Joice, sob a direção de Paulo César Pereio.

Sempre Ziembinski

Em 1965, Ziembinski retoma a parceria com Nelson, para lançar Toda Nudez Será Castigada, a história de um homem conservador que se apaixona por uma prostituta, que acaba por traí-lo com o próprio filho. Ela suicida-se após a fuga do rapaz com um outro homem, e deixa uma gravação revelando toda a verdade ao marido. Para incorporar a protagonista Geni, muitas atrizes são consultadas, mas recusam o papel, que é tomado com paixão por Cleyde Yáconis.

Tendo encenado cinco peças de Nelson Rodrigues, Ziembinski é aquele que, entre os diretores que realizam as primeiras encenações do autor, não se limita a montar o texto mas se serve dele para construir uma linguagem própria, na maioria das vezes em busca de um expressionismo que, em vez de situar a ação em ambientes decorativos, cria, com auxílio primordial da cenografia e da iluminação, espaços a serem utilizados pela marcação cênica.

Bonitinha, mas ordinária

Martim Gonçalves, animador do Teatro Novo, monta em 1962 Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas Ordinária. A trama gira em torno das hesitações de um humilde contínuo, entre casar-se com a filha de um magnata e vítima de um estupro bárbaro, ou manter-se fiel a seus sentimentos por uma prostituta pobre que sustenta a mãe louca e as três irmãs, papel reservado a Tereza Raquel, que se destaca no conjunto.

Beijo no asfalto

O Beijo no Asfalto é escrita sob encomenda de Fernanda Montenegro a Nelson. Em 21 dias, o autor apresenta mais uma de suas tragédias cariocas, agora abordando a sordidez não só da imprensa, mas também da polícia, numa trama forjada que destrói a reputação de um homem, acusado de homicida e homossexual. O Teatro dos Sete estréia o espetáculo em 1961, sob a direção de Fernando Torres, com cenografia de Gianni Ratto, contando com Fernanda, Sergio Britto, Oswaldo Loureiro, Ítalo Rossi, entre outros.

Boca de ouro

Em 1961, José Renato, fundador do Teatro de Arena, encena, no Teatro Nacional de Comédia - TNC, a próxima peça de Nelson, Boca de Ouro, escrita em 1959, e que, em 1969, tivera uma estréia mal-sucedida na mão de Ziembinski, que cismara em interpretar o papel-título. As várias faces de Boca de Ouro, o bicheiro cafajeste da Zona Norte, que surgem de conhecidos seus a partir de depoimentos após a sua morte, ganham brilho e verossimilhança na interpretação de Milton Moraes.

Divina comédia

Os Sete Gatinhos, "a divina comédia", retoma o tema de família suburbana carioca, agora se decompondo drasticamente a partir da revelação de que a única filha acima de qualquer suspeitas é, em realidade, uma pervertida. A peça tem novamente Willy Keller na encenação, e é produzida pelo irmão de Nelson, Milton Rodrigues.

Vestido de noiva, de Sérgio Cardoso

Em 1958, a Companhia Nydia Licia-Sergio Cardoso retoma Vestido de Noiva, numa versão renovada, bem distinta da primeira de Ziembinski, merecendo elogios dos jornais.

Reação

Ainda em 1957, Nelson escreve Viúva, porém Honesta, outra "farsa irresponsável", sátira violenta tendo como alvo os jornalistas e a crítica especializada. Menos de dois meses após o lançamento de Perdoa-me, a produção de Viúva, com direção do alemão Willy Keller e cenários e figurinos de Fernando Pamplona, vem a ser a resposta do autor à má recepção da opinião pública à peça anterior.

Teatro Experimental do Negro (TEN)

Perdoa-me por me Traíres, a história de uma órfã adolescente que vive sob a repressão de um casal de tios, que ao final descobre ser fruto de um incesto, causa escândalo na cena carioca, em 1957. Sendo produzida pelo ator e autor Glaucio Gill, o elenco traz o próprio Nelson Rodrigues e Abdias do Nascimento, líder do Teatro Experimental do Negro - TEN.

Tragédias cariocas

Em 1953, A Falecida, primeira tragédia carioca de Nelson retratando a peculiaridade da Zona Norte do Rio de Janeiro, é encenada por José Maria Monteiro, com a Companhia Dramática Nacional - CDN, tendo Sônia Oiticica e Sergio Cardoso como protagonistas. Na seqüência, surge Senhora dos Afogados, escrito antes de Dorotéia e Valsa Nº 6, em 1947. A montagem que, inicialmente estrearia no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, tem seu curso interrompido após meses de ensaios, sendo retomada em 1954 pela CDN, com direção de Bibi Ferreira. Ao final da estréia, ao subir, em uma extremidade do palco, o autor, e, na outra, a diretora, o público vira-se na direção dele e vaia, volta-se para ela e aplaude, exaltando o espetáculo para repudiar o texto. A causa do horror do público é outra vez a relação incestuosa, o amor da filha pelo pai, que faz com que a mãe se vingue traindo o marido com o noivo da filha, motivando assassinatos entre os membros da família.

Farsa irresponsável

Nelson volta mais uma vez a ser encenado por Ziembinski em 1950, com Dorotéia. A encenação e o texto, da intitulada "farsa irresponsável" pelo autor, não são compreendidos pelo público, saindo rapidamente de cartaz. Em 1951 é a vez de Valsa Nº 6, um monólogo em que uma jovem de 15 anos, golpeada mortalmente, recupera, em estado de choque, o mundo a sua volta. A peça é escrita para ser interpretada por Dulce Rodrigues, irmã do autor, e é dirigida por Henriette Morineau.

Moralismo

A rejeição à obra de Nelson Rodrigues, de motivação eminentemente moral, começa com a censura a algumas de suas peças. Álbum de Família, de 1945, só virá a ser encenada 22 anos depois de escrita. Anjo Negro, de 1946, sofre tentativas de censura religiosa, mas consegue ir à cena dois anos depois, polêmica montagem, novamente encenada por Ziembinski, pelo Teatro Popular de Arte, encabeçados por Maria Della Costa e Sandro Polloni.

Álbum de família

Em Álbum de Família, texto seguinte a Vestido de noiva, escrito em 1945, Nelson elabora um mergulho radical na inconsciência primitiva de suas personagens, que se tornam arquétipos, trabalhando sua narrativa sobre as verdades profundas e inimagináveis do ser humano a partir da célula da família. Aqui o tema se aloja em um dos maiores tabus sociais - o incesto em todas as direções, entre irmãos, mãe e filho, pai e filha. O autor nomeia seu estilo de "teatro desagradável" e reconhece que este teatro, que se inicia a partir de Álbum de Família, inviabiliza a repetição do sucesso de Vestido de Noiva, porque "são obras pestilentas, fétidas, capazes, por si só, de produzir o tifo e a malária na platéia".1

Vestido de noiva

Em Vestido de Noiva, Nelson cria um artifício dividindo a ação em três planos - a memória, o coma e o real - permitindo ao espectador acessar toda a complexidade da psique da personagem central. O texto sugere insuspeitas perversões psicológicas, mas a temática não ultrapassa a traição entre irmãs e o apelo da vida mundana sobre a fantasia feminina. A encenação realizada por Ziembinski com o grupo Os Comediantes, em 1943, torna-se um marco histórico, passando por várias remontagens no decorrer das próximas décadas.

A primeira peça de Nelson

A primeira peça de Nelson já traz uma evidente carga psicológica, em que o jogo neurótico invade e transforma as relações. O que move a ação de A Mulher sem Pecado é o ciúme, doença aceita nos extratos mais recatados da sociedade. A narrativa se mantém dentro do comportamento social e dos cânones realistas, só permitindo ao espectador acesso ao mundo interior das personagens através desse filtro. Na encenação do texto pela bem comportada companhia Comédia Brasileira, em 1942, o que é o latente estilo rodriguiano passa despercebido.

domingo, 15 de agosto de 2010

Nos braços do teatro


O 28 de julho de 2010 não vai sair mais da cabeça de Gê Martú. É uma data de superação de um trauma. Há quatro anos, um médico lhe deu uma sentença, que lhe parecia de morte. “O senhor não vai mais fazer teatro.” O ator de carreira tremeu, chorou e emendou bloqueios. Não conseguia mais decorar um texto nem enfrentar um ensaio. Pois bem. Naquela quarta-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil, ele pisou no palco para homenagear Procópio Ferreira, no projeto Mitos do Tea tro Brasileiro, e ser lisonjeado. O texto fazia uma autorreferência à trajetória de contrarregra e ajudante que varria teatro para assistir às peças. Na cena, limpando o tablado onde Procópio tinha acabado de se apresentar, ele ouve uma voz. “Vem Gê, larga tudo aí no Rio, vem ver o teatro florescer na nova capital.


Ana Clara Brant

Kléber Lima/CB/D.A Press

Paulo de Araújo/CB/D.A Press - 23/7/10

Por que o senhor se afastou dos palcos?
Tive um problema respiratório sério. Por causa da asma, ou asmada amante como eu a chamo. Ela gostou tanto de mim que pegou meu coração, implantou um pepino, que é o marca-passo. Ela me ama (risos). Então, eu fui internado e fui parar na UTI. Eu tinha saído da UTI e meu médico disse que eu estava proibido de fazer teatro. Fiquei em estado de choque. Aí, perguntei a ele: “O senhor quer me matar? Mal me tirou da UTI e est á querendo que eu volte pra lá?” E ali eu comecei a chorar compulsivamente. E talvez tenha sido isso que deu bloqueio na minha mente. Eu tinha que evitar estar no teatro, por causa dos ácaros. Eu ainda com efeito do remédio, a minha mente entendeu aquele aviso como um bloqueio. E eu passei a então a não decorar texto. Comecei a ter dificuldade, e fui consegui agora com esse projeto Mitos do Teatro Brasileiro.

Como foi esse retorno aos palcos?
Eu entrei em pânico. Eu estava muito tenso por estar no palco. Depois de praticamente quatro anos afastado e voltar com um texto que foi feito praticamente pra mim, e contracenar com o Jones Schneider... E tive pânico de dar branco, de fugir e não poder explicar isso. Não só ao público, mas aos organizadores do projeto que estavam me homenageando. Então era um pavor já nos ensaios. Uma amiga minha, a Vilma Bittencourt, me levou a um fitoterapeuta e ele me passou floral de Bach. No dia da estreia, em vez de tomar flora, que e u esqueci em casa. Eu faço nebulização por causa da asma, ou asmada amante como chamo. Então tomei 25 gotas de um remédio que provocou uma tremedeira. Achei que era por causa do nervoso, e não era. Quando eu vi, eu já estava no palco finalmente, e pude até relaxar.

E quando o público se levantou e aplaudiu o senhor de pé?
Não tinha visto a plateia durante todo o espetáculo. Também fiquei surdo, mas foi incrível. Ouvi um barulho no fim, depois me disseram que o público todo se levantou, aplaudiu de pé. Mas como eu sempre digo, ninguém tira o pé para aplaudir. Aplaudir de pé, todo mundo faz. (risos). Aí veio o diretor falar comigo e aí a ficha caiu. Ele me disse: “Você viu como foi acarinhado pelo público”. Eu não vi realmente, mas senti. Aquele energia que o público passa para gente. Que é diferente do cinema, da televisão. Enfim é um marco inicial na minha carreira de novo em Brasília. Eu fiz teatro a minha vida inteira e de repente, em 28 de julho de 2010, eu r enasci para o teatro (emociona-se)

O que passou pela sua cabeça nessa hora?
Gente, eu consegui. Eu tive toda a consciência no palco, de estar interpretando um texto, mas queria estar mais à vontade. Mas saiu. E agradeço muito de confiarem em mim, me dar isso de presente, porque eu fui homenageado. Eu e Procópio. Nunca pensei em estar tão perto de Procópio. Mesmo no Rio, quando fui assistir às peças dele. Eu na plateia e ele no palco. Senti junto dele. Teve cenas que parecia que eu estava atuando ao lado dele, falando com ele. A voz até embargou naquele momento. Eu até chorei. Chorei por dentro, como se tivesse arrebentado todo ali.

O senhor é um ator que precisa de diretor?
Eu tenho que ser claro que eu não posso deixar de ser dirigido. Eu preciso de diretor. Eu não me autodirijo. O pior da minha situação são as pessoas não acreditarem que eu sou frágil, que eu sofro, ao pisar no palco. Que eu tenho medo de errar. Imaginam que, pelo fato de eu ter toda essa carreira, essa estrada toda, eu não sou frágil. E eu sou, gente!

Acha que Brasília respeita o senhor e tudo o que construiu até agora?
Sim. Eu sempre ouvi, mas nunca tive a confirmação. Achava que era invenção do povo. E não. Eu vi. A partir desse dia 28, eu fui realmente acarinhado. Então há um respeito. Desculpem, Procópio Dulcina, Nelson Rodrigues, Cacilda Becker e Sergio Britto, mas eu também agora me considero um mito. A partir daquele momento, eu vi real mente que há um respeito pelo meu nome, minha trajetória. O sentimento é tão grande que não tenho palavras pra explicar o que eu sinto.

Agora é um retorno mesmo? Quais são seus projetos?
Luciana Martuchelli quer que eu faça um trabalho com ela, que é o João de Ferro, espetáculo com sua direção. E mais um filme que ela pretende rodar. Eu estou convidado pelo Sérgio Lacerda para fazer um filme chamado Hereditário, que vai estrear em 2011. Estou dirigindo Insigth, que é um mix de teatro e ópera com a Vilma Bittencourt.

Foi difícil vir pra Brasília?
Eu morava em Copacabana, numa área chamada Peixoto. E moravam ali várias pessoas ligadas ao teatro. Domingos Oliveira, Leila Diniz, e eu frequentava esse meio. Estava sendo descoberto no meu trabalho como ator. Eu não tive o prazer de ser descoberto. Mas eu não tive o prazer de fazer os personagens da minha idade. Os de 18, 15, 20 e poucos, porque eu era jovem, mas careca. E não ganhava papel. Eu era r apaz, mas só interpretava velho. Mas nem com peruca? Diziam que não, eu era bom ator, mas peruca só para o Rubens de Falco, só ele podia usar e ninguém dizia que era peruca. Papéis mais velhos foram o meu forte. Isso me deu uma credibilidade e um suporte grande para chegar onde eu cheguei. E cheguei em Brasília, no fim da década de 1960, eu comecei a ensaiar, conhecer as pessoas e tinha uma bagagem maior do que as pessoas que estavam aqui. Então, eu era aquele profissional. Mas sem dizer para a s pessoas que eu era profissional. Não. Eu nunca disse isso. Eu estava começando como eles. Uma coisa fundamental, eu não pertenci a grupo nenhum em Brasília. Eu quis pertencer a todos, tive o prazer de contracenar com grande parte dos atores e diretores da cidade.

A adaptação foi tranquila?
No Rio, eu ficava em cartaz por um ano. Quando vim a Brasília pela primeira vez , na produção de Leny Andrade e Peri Ribeiro, ajudando como contrarregra, acabei fazendo uma peça infantil , em que eu fazia o Coelho Juju, nas festividades de inauguração da Martins Pena. Então fiz o primeiro trabalho sem pertencer a Brasília. Aqui, aliás, eu conheci a atriz Gisele Lemper, que viria a ser a mãe da minha filha, Luciana Martuchelli. Mas eu não gostava de Brasília. Vivia num mundo agitado e aqui, como dizia Roberto Carlos, era uma grande fazenda iluminada. O que eu queria aqui? Daí, a um ano Gisele me liga avisando que nossa filha nasceria… Nesse momento, o MEC meu deu cinco anos para ficar em Brasília. Então, eu vi porque a vida seria melhor para criar a minha filha. Tinha um apartamento funcional com dois quartos, enquanto no Rio eu morava numa quitinete, que ainda dividia para ajudar na renda. Aqui, eu colocava 40 pessoas em casa para ensaiar, tinha cozinha com água quente e elevador para descer numa quadra maravilhosa, que é a 107 Norte, onde fui um dos primeiros moradores. Pensei: tenho uma filha e como sair daqui? O nascimento de Luciana contribuiu para que eu ficasse em Brasília.

Na cidade, o senhor protagonizou espetáculos históricos como Bella ciao, um sucesso que até hoje está na memória das pessoas. O que vem à mente desse momento?
Quando eu conheci a Oficina do Perdiz e cheguei naquele montão de ferros distorcidos, brinquei. “Gente, eu sei fazer teatro na Sala Martins Pena, e não na Martins Espelunca. Gente, o Perdiz ouviu esse comentário e saiu de onde se encontrava para me bater. O clima ficou pesado e passei a olhar aquele proje to com desconfiança. Até que o Mangueira Diniz e o Francisco Rocha fizeram uma adaptação de Bella ciao, que ficou um ano em cartaz. Uma loucura. Eu falava italiano e, ao mesmo tempo, traduzia. As pessoas estavam bem perto da gente. Tinha uma cena na cozinha que a Lucinaide Pinheiro preparava uma macarronada. Havia uma briga e o povo saía correndo achando que voaria macarrão nele. Era um teatro itinerante, a gente caminhava com os espectadores por dentro da oficina. Ganhei até prêmio de melhor a tor.

Quem matou a Oficina do Perdiz?
Os políticos. Os sucessivos secretários de Cultura. É lamentável, mas a Oficina do Perdiz está morta. Eles são os assassinos. Teriam que reestudar toda a política cultural brasileira. Deveria ser uma política de estado e não de governo. Se desse certo o projeto, não poderia mais acabar com a mudança de secretariado.

Está mais fácil ou difícil fazer teatro?
Nunca vi dificuldade ou facilidade, depende de cada um de nós. Se quiser fazer um trabalho maior, é difícil Mas o que mudou é a plateia, que está mais esclarecida, mais consciente. Há mais escolas de teatro, mais faculdades… O povo es tá indo ao teatro. Agora, fui reconhecido na rua por um senhor que gostou do Procópio e por uma senhora, na Rodoviária, que viu minha pequena participação na homenagem a Dercy Gonçalves.

O senhor é um ator bem requisitado para o cinema…
Hoje, eu respiro e penso cinema. Quando estava ensaiando para o teat ro, eu via os diretores como câmeras. E você não pode mentir para câmera, porque ela colhe a verdade. Aprendi a fazer cinema em Brasília, em 1982, e fui muito requisitado. Vim com a bagagem grande, como figuração nos filmes da Atlântida. Além disso, fiz 78 programas da TV Tupi e Globo para o Mobral. Decorava com dálias (colas do texto espalhadas pelo set sem que o público perceba). Tudo era anotado e seguia lendo e a câmara pegando. Todos achavam fantástica a minha facilidade de ler e me posici onar diante a câmera… Isso me ajudou muito aqui nos sets brasilienses.

Foi natural a Luciana Martuchelli seguir a carreira artística?
Acharia estranho, se não fosse. Desde pequenina, era uma exibida, cantava, dançava e rebolava. Dizia Gê é artista; Gisele é artista. Não chamava a gente de pai e mãe. Quem quis cortar esse barato foi a professora. Então, eu fui lá e disse. Deixe ela chamar a gente como quiser. Ela tinha 8 anos e dirigia teatro na escola escondida da gente porq ue tinha medo de não acertar. Ela deu uma entrevista nessa idade a uma revista. Na casa da minha sogra que morava em Taguatinga, ela fazia cenário, figurino, dirigia as colegas. Não forçamos a barra, mas dizíamos que essa era uma estrada pouco segura.



"O pior da minha situação são as pessoas não acreditarem que eu sou frágil, que eu sofro, ao pisar no palco”