Projeto concebido originalmente para a área de Ideias do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília, Mitos do Teatro Brasileiro é calcado na memória das artes cênicas nacionais.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Os caminhos de Antunes FIlho


Sérgio Maggio


Há muito tempo, o teatro de Antunes Filho se universalizou. O que ele faz no palco do Centro de Pesquisa Teatral (CPT) dialoga com o mundo. Não só pela qualidade com que monta espetáculos, mas, sobretudo, da forma como o encenador entende o teatro, como uma arte capaz de aprimorar o homem. Esse fio espiritual e missionário norteia a trajetória do diretor, responsáveis por grandes feitos nas artes cênicas nacionais. Um deles, o de teatralizar grandes clássicos da literatura sem trai-los, como A pedra do reino, de Ariano Suassuna, e Macunaíma, de Mário de Andrade. Ambos, marcos de sua teatralidade nos palcos nacionais.
É diante de um mestre que José Wilker encerra a primeira temporada de Palco e plateia, que vai ao ar hoje (27/06), às 21h, com reprises domingo, às 12h30, no Canal Brasil. Os dois, apresentador e entrevistado, não conversava havia três décadas. O clima de descontração marca a entrevista, gravada no Sesc Consolação em São Paulo, e Antunes Filho repassa a trajetória, indo para momentos marcantes como a sua formação no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), onde ele se formou com a leva de diretores estrangeiros que chegaram ao país para trabalhar com Franco Zampari. Ali, quando se havia uma busca concreta para profissionalizar o teatro nacional, montando grandes textos internacionais, sobretudo, ele observou o método dos diretores Ziembinski, Adolfo Celi, Luciano Salce, Ruggero Jacobbi e Flaminio Bollini.
É nessa escola que ele se forma para fazer parte da primeira geração de encenadores do país, um dos melhores diretores de Nelson Rodrigues e criador do sistema denominado de Hierofania, “para o desenvolvimento do potencial expressivo do artista, sempre fundamentados na ideologia de que é preciso formar e transformar o ser humano para que se forme o ator.” Boa parte da entrevista é dedicada a entender o sistema e a metafísica que envolve a encenação de Antunes Filho, que visa atingir a realidade subjetiva, daí a qualidade de sua teatralidade.
Um dos poucos programas no país dedicado ao teatro, o Palco e plateia termina a sua primeira temporada como uma das melhores investidas no Canal Brasil. Com a preocupação em reconstituir a memória das artes cênicas no país, o programa passeou pela preocupação histórica de reconstituir trajetórias e questões fundamentais para se entender por que o teatro brasileiro, um dos melhores do mundo, é tão destratado pelo poder público em suas diversas estâncias. Esse objetivo foi conseguido não por um tom panfletário do ator, diretor e apresentador José Wilker, mas pela diversidade de artistas que passaram por essa temporada. Aderbal Freire-Filho, Charles Möeller, Bia Lessa, Amir Haddad, Chica Carelli e Marcio Meirelles (Bando de Teatro Olodum), Rodolfo García Vázquez (Grupo Os Satyros), Eduardo Moreira (Grupo Galpão), Guti Fraga (Grupo Nós do Morro), Hamilton Vaz Pereira, Gabriel Villela, Miguel Falabella, Bibi Ferreira e Antunes Filho formaram o elenco de ouro, produzindo um invejável material que pode render uma ótima caixa de DVDs para estudiosos e amantes do teatro. Agora, é aguardar a próxima temporada.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

E Pluft chorou o mar...






Fotos: Autor: Adauto Cruz/CB/D.A Press


Um encontro catártico, com direito a lágrimas, risadas e revelações. Assim foi a homenagem prestada à diretora, dramaturga, atriz e professora Maria Clara Machado, anteontem, durante o primeira módulo do projeto Mitos do Teatro Brasileiro 2011, no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). O tributo foi feito pelos atores J. Abreu, Vanessa Di Farias e Wilson Granja, a sobrinha de Maria Clara, Cacá Mourthé, além de Zezé Motta, atriz revelada pelo Tablado, grupo e escola de teatro criados pela homenageada. Descontraída, Zezé chegou a sentar-se no chão do palco para acompanhar as projeções e cantou, a capela, a música Minha missão, de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, em um dos momentos mais emocionantes da noite. Ainda ouviu da sobrinha e herdeira da obra uma confissão: “Minha tia escreveu a peça Miss Brasil para você”, disse Cacá.

A noite começou com o trio de atores da cidade em uma cena inédita, em referência ao clássico Pluft, o fantasminha, a peça mais famosa da autora. Em seguida, foi exibido o documentário Maria Clara Machado e O Tablado, da cineasta Creuza Gravina, que revelou depoimentos de egressos da escola criada por ela. Rostos conhecidos desfilaram pelo telão, como Malu Mader e Marieta Severo, que afirmou que “Maria Clara e O Tablado estão no início de tudo”. A aparição virtual mais aplaudida foi a de Lupe Gigliotti, que contou, em um poema, o episódio de sua estreia nos palcos. Um dia, quando deixava a filha, a também atriz Cininha de Paula, em uma aula da escola, ouviu de Maria Clara a provocação para subir no palco, e nunca mais saiu. “Estava morta e nem sabia. Fui lá para ressuscitar”, afirmou.

No momento de prestar sua homenagem à tia, Cacá Mourthé ressaltou o lado cômico e galhofeiro de sua mentora teatral. “Ela era uma moleca”, repetiu várias vezes. Uma história que arrancou gargalhadas da plateia foi a comitiva de recepção que Maria Clara preparou para receber um diplomata estrangeiro. Quando soube que ele visitaria sua casa para conhecer os hábitos de uma família comum do Brasil, definiu papeis para cada um. As irmãs ganharam vassouras para rodopiarem como porta-bandeiras pela casa, a madrasta ganhou um espanador na cabeça e a caçula posicionou-se em um pinico colocado em cima da mesa de jantar. A brincadeira foi desfeita em seguida.

Cacá ainda preparou um vídeo recheado de depoimentos de tabladianos, entre eles as atrizes Louise Cardoso e Cláudia Abreu com o figurino de Pluft, o fantasminha. Em alguns trechos, depoimentos da própria Maria Clara, que chegou a comparar seu teatro a um laboratório médico. “Ter este palco faz com que eu possa dar oportunidade a muita gente boa”, admitiu.

Histórias de Zezé
Com medo de se emocionar e esquecer partes importantes de seu depoimento, Zezé preferiu fazer uma “cola” para sua fala, na qual relembrou sua chegada em O Tablado, depois de ganhar uma bolsa concedida por sua escola, pelo interesse em assuntos culturais. Ela teve o privilégio de ser aluna da diretora e criadora de O Tablado. “Sempre me lembro dela sorrindo, com os olhos lindos. Maria Clara era determinada, moderna, incansável, aprendi tudo com ela. Ela abria o mundo para as crianças com muita delicadeza”, elogiou. A noite seguiu com a exibição de mais duas cenas teatrais, inspiradas na participação de Maria Clara na montagem Ensina-me a viver, e nas alegrias de sua infância na fazenda. Depois, a homenageada surgiu em vídeo, mais uma vez, em cena do filme O cavalinho azul, de Eduardo Escorel, antes de Zezé comandar o gran finale,.

A plateia estava cheia de atores locais, que revelaram a importância da obra da dramaturga em suas carreiras. “Essa mulher inventou um teatro brasileiro com seus personagens. Dirigi algumas peças dela, ainda no Ceará”, afirmou B. de Paiva. Gê Martú, outro nome tradicional do cenário teatral, atuou em textos de autoria dela. “Pisei nos palcos por meio do teatro infantil”, conta. Noite de saudosismo para alguns e de descoberta para outros. “Hoje, aprendi a gostar um pouco mais de teatro”, afirmou o estudante Micael de Paula, 11 anos. No dia 19 de julho, o evento homenageia Plínio Marcos, com Emiliano Queiroz e Nelson Xavier.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Wilza Carla, vedete esquecida

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quarta-feira, 22 de junho de 2011




Morta no último domingo aos 75 anos, Wilza Carla (foto) está na memória do grande público por conta das aparições exuberantes no júri antológico do Show de calouros, de Silvio Santos. Ali, ela chegava sempre com uma cabeça preparada por carnavalescos. Permanece viva também a presença nos extintos e luxuosos desfiles de fantasias, que ela concorria, sempre hors concours ao lado de figuras simbólicas como Clóvis Bornay e Evandro de Castro Lima. A show woman teve ainda uma aparição marcante da história da tevê brasileira. Ela explodiu literalmente em Saramandaia (1976). Compulsiva, a personagem Dona Redonda comeu tanto que foi pelos ares se transformando numa rosa gigante na trama de realismo fantástico criado por Dias Gomes. A cena até hoje é cultuada no YouTube, sendo uma das clássicas da história da tevê brasileira. A última novela que participou foi A história de Ana Raio e Zé Trovão (1990), sucesso de A Manchete recentemente reprisado no SBT. Com dificuldades financeiras, longe há tempos da grande mídia e com graves problemas de saúde, Wilza Carla morreu sem ter um importante período da vida artística reconhecido. A atriz e performer foi uma das maiores vedetes do teatro de revista deste país. Antes de engordar na década de 1970, foi uma das certinhas do Lalau, a lista de beldades de Stanislaw Ponte Preta. Trabalhou nas melhores revistas de Carlos Machado e de Walter Pinto, este um dos maiores nomes da história dos musicais do Brasil. Uma das mulheres mais desejadas e sensuais, era capa das publicações de famosos da época, nas quais davam entrevistas picantes sobre a agitada vida sexual. Uma das eleitas por Carlos Manga, emendou chanchadas na metade dos anos 1950 com as pornochanchadas dos anos 1970. Frequentemente, é vista no Canal Brasil, na faixa Como era gostoso o meu cinema.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Dama das crianças


Mariana Moreira

A crítica teatral Bárbara Heliodora escreveu, há alguns anos, um texto sobre o teatro infantil no país. Segundo seu relato, quando as cortinas do espetáculo Pluft, o fantasminha se abriram, e a alminha que dá nome à montagem perguntava: “Mamãe, gente existe?”, os espetáculos para criança entraram na modernidade, atingindo a qualidade cênica do que até então se produzia para adultos. A façanha era da diretora, dramaturga e atriz Maria Clara Machado, que chegaria aos 90 anos em 2011. Além de ser um divisor nas produções infantis, ela fundou o Teatro O Tablado, que se mantém no posto de um dos principais celeiros de atores do país, e completa 30 anos. Hoje, sua trajetória será revisitada, a partir das 20h, no Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na abertura da segunda temporada do projeto Mitos do Teatro Brasileiro.

Nesta edição, duas mulheres atuantes na cultura do país foram convidadas a fazer homenagens à artista. Uma delas é a sobrinha e herdeira da obra da Maria Clara Machado, a diretora Cacá Mourthé, que na certidão de nascimento é Maria Clara Machado Mourthé. “É um dos mistérios da vida. Ela tinha 18 sobrinhos, mas eu ganhei o nome dela e virei a herdeira do teatro”, conta Cacá, que atuou como assistente de direção da tia e hoje mantém O Tablado com pulso firme. Os muitos anos de convivência deixaram uma profusão de lembranças. “Ela criava usando a intuição. Me lembro dela pulando no palco, mostrando para o ator como ele deveria fazer. E fazia todos os personagens da peça melhor do que os atores”, relembra.

Maria Clara Machado é um divisor no teatro infantil brasileiro  (Andre Durão/AE)
Maria Clara Machado é um divisor no teatro infantil brasileiro
Também entrelaçada à biografia de Maria Clara, a atriz Zezé Motta, que deu os primeiros passos artísticos no palco de O Tablado, graças a uma bolsa de estudos concedida pela escola, também dará um depoimento sobre uma de suas mentoras. “Foi uma grande emoção, porque eu já tinha descoberto esse dom. Já havia dito para os meus pais que queria fazer um curso, mas não tínhamos recursos para pagar”, recorda. Zezé teve o privilégio de ter a fundadora de O Tablado como professora e chegou a ganhar um papel escrito especialmente para ela. “Ela compôs música que dizia sou negra internacional, sem complexo racial e me deu o papel da Rita, a personagem que cantava. Eu era a única aluna negra da turma”, destaca a atriz, que além de contar histórias da diretora, pretende mostrar alguns exercícios de improvisação e até soltara voz durante a homenagem.

Os depoimentos serão entremeados por três cenas inspiradas na vida e na obra de Maria Clara, criadas por Sérgio Maggio e vividas pelos atores J. Abreu, Vanessa Di Farias e Wilson Granja. “Muitas pessoas têm a ideia dela como autora de Pluft, o fantasminha, e O cavalinho azul, mas não sabem que ela foi professora, atriz, criou O Tablado”, argumenta J. Abreu, que além de codirigir a iniciativa ao lado do dramaturgo Sérgio Maggio, ainda fará cinco papéis diferentes. Para Granja, outro integrante do elenco, a experiência permitiu uma aproximação, inédita, com o trabalho da autora. “Fui criado no interior da Bahia, não vi suas peças, mas acompanhava na televisão. Alguns de seus trabalhos são referências presentes na minha memória”, afirma o ator.

Além de viver duas personagens criadas pela dramaturga, Vanessa Di Farias interpreta a própria Maria Clara em uma das cenas do projeto. O encantamento é antigo, já que Vanessa passou a infância na plateia de espetáculos escritos por Maria Clara. Para a atriz, a pesquisa relacionada à vida da criadora de O Tablado despertou admiração pela firmeza com que a diretora se agarrou à sua proposta artística. “Nos anos de ditadura, ela era cobrada por não fazer o que chamavam de teatro engajado, mas não se abateu. Dizia que sue front de batalha era o palco”, destaca.

A homenagem também contará com projeções de vídeos relacionados a Maria Clara. Um deles é O Tablado e Maria Clara Machado, documentário inédito no circuito comercial, que conta com mais de 50 depoimentos sobre a obra dela. A diretora do filme, Creuza Gravina, cedeu um trecho da película, e virá a Brasília acompanhar a exibição.

MITOS DO TEATRO BRASILEIRO
Direção e dramaturgia: Sérgio Maggio. Com Cacá Mourthé, Zezé Motta, J. Abreu, Vanessa Di Farias e Wilson Granja. Hoje, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES Tc. 2, lt. 22 – 3108-7600). Entrada franca. senhas distribuídas a partir das 19h . Não recomendado para menores de 12 anos
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segunda-feira, 20 de junho de 2011

A genial Maria Clara Machado





Sérgio Maggio

1955. O teatro brasileiro adulto tinha há pouco tateando a modernidade em busca de textos de autores nacionais, alguns que refletissem os problemas nacionais. Havia a movimentação pelos coletivos, um teatro que deixasse de lado o culto ao grande ator e a textos importados.
No recém criado Teatro O Tablado, Maria Clara Machado monta Pluft, o Fantasminha. Nos primeiros minutos, o personagem entra e diz: "Mamãe, gente existe?"

Ali, o teatro infantil saiu da era tatibitati entrava no modernismo. Maria Clara Machado colocava diante das crianças e de adultos uma poética com doses fortes de filosofia. Tudo feito com uma simplicidade genial. "O teatro brasileiro nunca mais foi o mesmo", avisa Bárbara Heliodora.

Mitos do Teatro Brasileiro

Amanhã (21/06) às 20h, no CCBB Brasília com Cacá Mourthé, Zezè Motta, J. Abreu, Vanessa Di Farias, Wilson Granja. Entrada franca. Vamos?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ave Maria Clara Machado



Sonhos de menina

O Centro Cultural Banco do Brasil apresenta Mitos do Teatro Brasileiro — Ano II, projeto na área de Ideias que consolida a memória do teatro nacional. Maria Clara Machado abre a temporada 2011

Era uma vez a história de um Cavalinho Azul que arrancou lágrimas de um grande poeta. Diante da peça escrita por Maria Clara Machado (1921 – 2001), Manuel Bandeira viu o sonho de menino vencer a realidade do adulto sem resquício de infância. Comoveu-se diante da sensibilidade do Teatro Tablado — ali, no ano de 1960, já alcançando nove anos de trajetória revolucionária. “O circo e a cidade chocam-se, combatem-se musicalmente nessa história fantástica, e naturalmente a vitória cabe à infância, à imaginação, ao sonho”, escreveu.

Maria Clara Machado já era um ícone do moderno teatro brasileiro quando os olhos do poeta marejaram. A diretora, escritora, dramaturga e arte-educadora concebia o teatro infantil com acabamento de arte. Tinha o dom de fazer brilhar os olhinhos de meninos e meninas em torno de fábulas que valorizavam os sentimentos humanos ao mesmo tempo em que despertavam a solidariedade e a consciência ecológica. “Com as crianças, eu cuido muito do essencial, do amor à própria terra. Faço isso desde O rapto das cebolinhas (1954), a primeira peça que escrevi”, contava a escritora.

A arte lúdica de Maria Clara Machado ocupa o palco do Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) na abertura do projeto Mitos do Teatro Brasileiro — Ano II, no dia 21 de junho (terça-feira), às 20h, com entrada franca (as senhas devem ser retiradas 1 hora antes do evento). Em cena os atores J. Abreu, Vanessa Di Farias e Wilson Granja vivem cenas inéditas, criadas pelo diretor e dramaturgo Sérgio Maggio, enquanto a diretora de O Tablado, Cacá Mourthé, e a atriz e cantora Zezé Motta testemunham fatos relevantes vividos ao lado dessa mulher que conduziu o teatro infantil brasileiro ao patamar de obra de arte.

Sobrinha e herdeira do legado de Maria Clara Machado, Cacá Mourthé teve as primeiras noções do fazer teatro ainda menina, como aluna de O Tablado, tornando-se assistente de direção da tia por 10 anos. “Estou muito feliz em levar para Brasília a memória e as histórias de Maria Clara Machado e de O Tablado”, conta Cacá, batizada como Maria Clara Machado Mourthé. Tabladiana de coração, Zezé Motta é uma das artistas que saíram do grupo para engrandecer o teatro, o cinema e a tevê. “Vai ser um doce prazer falar de Maria Clara”, pontua.

Após celebrar, com êxito de público e crítica durante o ano de 2010, as trajetórias de Dulcina de Moraes, Dercy Gonçalves, Procópio Ferreira, Nelson Rodrigues, Cacilda Becker e Chico Anysio, o projeto Mitos do Teatro Brasileiro segue homenageando, além de Maria Clara Machado, Plínio Marcos (19 de julho, com Emiliano Queiroz e Nelson Xavier), Lélia Abramo (16 de agosto, com Antonio Abujamra e João das Neves), Paulo Autran (21 de setembro, com Karin Rodrigues e Elias Andreatto), Augusto Boal (18 de outubro, com Amir Haddad e Aderbal Freire-Filho) e Dina Sfat (22 de novembro, com Juca de Oliveira e Thelma Reston). “É uma segunda geração do século 20, que vai permitir apontar as grandes transformações do teatro brasileiro a partir dos anos 1960”, observa Sérgio Maggio.

Num formato de teatro-documentário, no qual se constrói ao vivo a biografia do homenageado, a partir da junção de cenas, depoimentos e vídeos, o projeto Mitos do Teatro Brasileiro contribui para consolidar a memória das artes cênicas. “É uma aula-espetáculo, na qual aprendemos juntos, artistas e plateia, a entender a construção desse teatro”, observa o ator J. Abreu

* Acompanhe a pesquisa do projeto no blog mitosdoteatrobrasileiro.blogspot.com e siga-o no Twitter @mitosdoteatro

Ficha Técnica:

Projeto: Mitos do Teatro Brasileiro

Concepção, curadoria, direção, pesquisa e dramaturgia: J. Abreu e Sérgio Maggio

Atores-narradores: Adriana Mariz, Antônia Artemy, J. Abreu, João Paulo Oliveira, Silvana de Faveri, Silvia Paes, Vanessa Di Farias e Wilson Granja.

Debatedores: Aderbal Freire-Filho, Antonio Abujamra, Amir Haddad, Cacá Mourthé, Elias Andreatto, Emiliano Queiroz, João das Neves, Juca de Oliveira, Karin Rodrigues, Nelson Xavier, Thelma Reston e Zezé Motta.

Figurino, cenário e trilha sonora: J. Abreu e Sérgio Maggio

Produção executiva: Sérgio Bacelar

Produção: Luana Fonteles (Alecrim Produções)

Assessoria de Imprensa: Carla Spegiorin (Âncora Comunicação)

Arte gráfica: Kleber Salles e João Resende

Operação de vídeo: Hieronimus do Vale

Iluminação: Vinicius Ferreira

SERVIÇO:

Projeto: Mitos do Teatro Brasileiro

Temporada: de 21 de junho a 22 de novembro (seis edições mensais)

Abertura: Maria Clara Machado (21 de junho)

Horário: terça-feira, às 20h

Duração: 100 minutos

Classificação indicativa: 12 anos

Local: Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB) – SCES, Trecho 2, Lote 22, Brasília

Telefone: (61) 3108-7600

Ingressos: Entrada franca. Senhas serão distribuídas na bilheteria com 1 hora de antecedência.

O CCBB disponibiliza ônibus gratuito, identificado com a marca do Centro Cultural. O transporte funciona de terça a domingo, saindo do Teatro Nacional a partir das 11h.

Trajeto e Horários

Teatro Nacional: 11h, 12h25, 13h50, 15h15, 16h40, 18h05, 19h30, 20h55, 22h

SHN – Manhattan: 11h05, 12h30, 13h55, 15h20, 16h45, 18h10, 19h35, 21h, 22h05

SHS – Hotel Nacional: 11h10, 12h35, 14h, 15h25, 16h50, 18h15, 19h40, 21h05, 22h10

SBS – Galeria dos Estados: 11h15, 12h40, 14h05, 15h30, 16h55, 18h20, 19h45, 21h10, 22h15

Biblioteca Nacional: 11h20, 12h45, 14h10, 15h35, 17h, 18h25, 19h50, 21h15, 22h20

UNB – Inst. Artes: 11h30, 12h55, 14h20, 15h45, 17h10, 18h35, 20h, 21h25, 22h30

UNB – Biblioteca: 11h35, 13h, 14h25, 15h50, 17h15, 18h40, 20h05, 21h30, 22h35

CCBB: 12h10, 13h35, 15h, 16h25, 17h50, 19h15, 20h40, 21h45, 22h45

Patronato Operário da Gávea

Ata de fundação do Tablado foi lavrada na noite de 28 de outubro de 1951, após uma reunião na biblioteca do escritório de Aníbal Machado, pai da Maria Clara, que promovia domingueiras que ficaram famosas em sua casa de Ipanema. O grupo nascia com direito a uma aventura cujo cenário era um salão de festas do Patronato Operário da Gávea, todo ladrilhado, onde um arremedo de palco era usado por conjuntos musicais, já que aquela obra nascera para dar apoio espiritual, educacional, médico e recreativo a um bairro de tradição operária.

Maria Clara por Fernanda Montenegro

Fernanda Montenegro

“Maria Clara Machado foi e é uma artista pura, um referencial sem jaça, sem mácula. Cumpriu e cumpre sua vocação como uma luz para todos nós.”

O legado de Maria Clara Machado

por Barbara Heliodora

É sempre difícil falar sobre Maria Clara; a ausência de sua figura irrequieta, eternamente criativa, transbordante de amor e curiosidade pelo teatro e o que este podia fazer para explorar, informar, enriquecer e divertir o universo infantil ao qual dedicou seu talento, é um empobrecimento constante para todos nós. Do mesmo modo que, inevitavelmente, pensar em Maria Clara ou entrar mais uma vez em contato com sua obra traz uma grande alegria, o momento vem sempre acompanhado de uma dor, que nos deixa conscientes do vazio que sua morte nos trouxe.

Por causa de Maria Clara, de sua disciplina e liderança que provocavam tantas piadas a respeito de seu espírito de Bandeirante, compartilhado com o querido núcleo inicial que com ela nunca deixou de trabalhar, havia realmente uma atmosfera muito especial no universo do Tablado: trabalho compartilhado, boa vontade, alegria, e uma confiança absoluta de que, não importa qual fosse o problema, Maria Clara encontraria uma solução. Por causa desse clima é que o Tablado nutriu tantos talentos, em várias áreas das artes cênicas, pois no mundo de Maria Clara todos os aspectos do teatro tinham igual importância, e o trabalho de todos era igualmente apreciado, respeitado, estimulado.

De muito poucos, na história do teatro brasileiro, poderá ser dito, como se pode a respeito de Maria Clara, que sua contribuição individual trouxe mudanças radicais e fez o teatro caminhar. Passam-se os anos, e já serão raros aqueles que, como eu, têm idéia do que era o teatro infantil no Brasil antes de Maria Clara; via de regra, o princípio determinante era o de que para o público infantil qualquer coisa servia, desde que se fizesse a platéia gritar e ter o riso fácil da bobagem.

Quando a cortina abriu e Pluft perguntou “Mãe, gente existe?”, para iniciar um espetáculo da mais alta qualidade cênica, que contava uma história inteligente e divertida, com um elenco muito bem ensaiado, o teatro infantil do Brasil mudou; o sucesso de “Pluft” foi tamanho, o boca a boca tão fenomenal, que os realizadores do “qualquer coisa serve” foram forçados a procurar melhoras, pois estavam, claramente, perdendo seu público, enquanto aumentavam as filas para os espetáculos do Tablado.

Ter privado com Maria Clara, mesmo que menos do que gostaria ter sido possível, foi um dos momentos privilegiados da minha vida, tanto pelo que era quanto pelo que ela fez.

Maria Clara, sapeca

Clara estava testando espoletas com um martelo para a sonoplastia da peça “Tribobó City” (1971). Nesse momento duas meninas entraram para saber sobre os cursos de teatro e Clara respondeu: Tem curso sim, mas quando não fazem bem a gente faz assim – e estourou uma espoleta com o martelo. As meninas assustadas levaram um tempo para entender a brincadeira.

Brincadeiras de Maria Clara

Contam que Maria Clara Machado costumava brincar dizendo: quando eu morrer quero ser empalhada e colocada ali na sala para todos verem.

A menina Cacá Mourthé

Quando Cacá tinha cinco anos foi montada a peça A Noviça Rebelde e a convidaram para fazer a caçula da família Von Trapp, a Gretchen. Cacá ficava sozinha em cena e quando a Noviça ia embora tinha que dizer: ‘Ai meu Deus! Não sei por que me sinto tão só’. Muita emocionada por estar no palco, com todas as luzes nela, ficou paralisada enquanto sopravam o texto da coxia, até que Cacá disse: ‘Não sei por que eu me sinto tão mal!’. A platéia foi abaixo e começou a aplaudir.

Vanguarda no Tablado

Na década de 1970, de grande efervescência estudantil e repressão política, o Tablado era criticado por não fazer um teatro engajado. No entanto foi nessa época que surgiu no Tablado um grupo de atores que apresentaram vários textos de vanguarda como, por exemplo, de Hamilton Vaz Pereira intitulado Nobody Presta, totalmente inovador.

Palhaços do Tablado

A pedido de umas das diretoras do Patronato da Gávea para animar um aniversário de crianças foi montado um grupo de palhaços que se intitulou Os Irmãos Flagelo. Participavam desse grupo: Sura Berditchevsky, José Lavigne, Louise Cardoso, Milton Dobbin e Cacá Mourthé. Tanto sucesso fizeram os palhaços que foram contratados pela Secretaria de Parques e Jardins para se apresentarem em praças publicas na zona sul e subúrbios do Rio de Janeiro. Os Irmãos Flagelo saiam do Tablado maquiados e fantasiados e no ônibus já iam fazendo palhaçadas. Maria Clara gostou tanto da atuação deles que escreveu a peça Quem Matou o Leão? para o grupo.

Meninos do Tablado

Poucos sabem que Damião é o apelido de Carlos Wilson Silveira, professor de história da FUNABEM que se aproximou do Tablado para obter algunas dicas que pudesse usar com seus alunos numa peça de teatro que ia montar. Do primeiro encontro com Maria Clara em 1970 já foi “pinçado” por ela para interpretar um dos guardas da dupla Cosme e Damião na peça Maroquinhas Fru-Fru. Desde então ninguém o chamava pelo seu nome próprio, era só Damião.

Flávio São Thiago foi outro que deixou seu nome de lado para ser o João Jaca da peça A Gata Borralheira de 1962, como ficou conhecido para sempre.


Na versão de 1966 de O Cavalinho Azul, Zé Rodrix fazia a cabeça do cavalo e Paulinho Iório a bunda. Assim, passaram a ser chamados de Zé Cabeça e Paulinho Bunda.

Duplo personagem

Entre as peças de Maria Clara Machado há um personagem que se repete – Camaleão Alface. Aparece primeiro em 1958 no O Rapto das Cebolinhas, na A Volta do Camaleão Alface em 1965 e, em 1969, na peça Camaleão na Lua. Ainda apareceu no Camaleão e as Batatas Mágicas, para um público bem infantil, que nunca foi montado no Tablado.

Maria Clara Machado, censurada

Na década de 70, apesar de ser criticado como um teatro de elite, careta e conservador, o Tablado montou muitos espetáculos de vanguarda.

A peça Dependências de Empregada, por exemplo, foi censurada no dia da estréia e as apresentações suspensas por tempo indeterminado. Maria Clara Machado ficou indignada e foi pessoalmente ao Departamento de Censura exigindo a liberação da peça, o que conseguiu depois de muito parlamentar com os responsáveis pela censura.

Em 1975 a peça O Dragão também foi ameaçada de ser suspensa e Clara declarou na ocasião que se isso acontecesse ela fecharia o Tablado e daria uma entrevista na imprensa denunciando aquela violência. Finalmente a peça foi liberada, mas com muitos cortes.

Jorginho de Carvalho, mago da luz

JORGINHO DE CARVALHO

Tudo começou quando ele, com 13 anos, jogava futebol na parcinha em frente ao Tablado. E quando o público era pequeno Maria Clara ia lá e chamava os garotos para assistirem a peça. Aos poucos Jorginho começou a ajudar na bilheteria e a fazer pequenos serviços. O futebol na pracinha começou a ser substituído pelos cursos do Tablado que ele começou a frequentar. Nessa época, década de 1950, quem fazia a luz era o diretor ou o cenógrafo. Aos poucos Jorginho começou a regular refletores junto com o eletricista Carlos Augusto Nem, que fabricava refletores de latinhas. De eletricista Jorginho passou a ser o pioneiro na moderna iluminação para teatro chegando a ganhar dois prêmios Mambembe e um Molière.

A mendiga do Tablado

Maria Clara Machado sempre gostou de fazer suas artes. Em 1958 ensaiavam-se duas peças – O Jubileu e O Matrimonio. Antes do ensaio Clara às escondidas colocou uma peruca muito estranha, se fantasiou de mendiga e com um pedaço de pau começou a bater na porta do teatro querendo entrar.

Nessa época havia muitos mendigos que ficavam próximos ao teatro. Quanto mais ela batia na porta mais apavorados ficavam os atores que se preparavam para o ensaio. Kalma Murtinho que chegou de carro ficou com medo de sair ao ver aquela louca furiosa. Demorou para alguém descobrir que a mendiga era a Clara. E tudo acabou em muita risada.

Maria Clara Machado, mímica

Paschoal Carlos Magno ao assistir ao espetáculo A Moça e a Cidade, no Tablado, comparou Maria Clara Machado a Charles Chaplin o espetáculo era todo em mímica, técnica que Maria Clara acabara de aprender com Etienne Decroux em Paris.

Morte e Vida Severina no Tablado

Quando o Tablado comemorou seus cinco anos de existência, em 1956, João Cabral de Mello Neto, muito amigo do escritor Aníbal Machado, pai de Maria Clara, entregou à mesma um texto inédito para ser montado pelo Tablado. Aníbal, no entanto, como eterno conselheiro do Tablado, ponderou com Clara que aquele texto exigia uma montagem muito difícil para o grupo com apenas 5 anos e poucos recursos.

Tratava-se do texto “Morte e vida Severina” que acabou só sendo montado dez anos depois pelos estudantes da Universidade Católica de São Paulo, com música de Chico Buarque de Holanda e grande sucesso de bilheteria.

A estreia de Yan Michalski no Tablado

Na primeira montagem do O Cavalinho Azul, em 1960, durante um dos ensaios Maria Clara percebeu alguém lá no fundo da platéia, quietinho. Precisando de um ator para completar o trio dos bandidos na peça, ela imediatamente chamou – Hei, você aí. Vem para o palco e completa o conjunto dos bandidos. “Você aí” era o Yan Michalski que ganhava, assim, seu primeiro papel falado, pois, antes, tinha sido malabarista (O Baile dos Ladrões) e Pingüim (O Embarque de Noé), papeis em que entrava mudo e saia calado. Mais tarde Yan se tornou um dos mais respeitados críticos de teatro e excelente professor.


As mães de Pluft

Durante o espetáculo de Pluft, o Fantasminha – quando Pluft reclama porque a mãe não para de falar ao telefone, uma criança na platéia falou bem alto e comovida: ‘Não se importa não Pluft minha mãe é igualzinha, também não para de falar no telefone.’

O velório de Michalski

Quando morreu Yan Michalski, Maria Clara Machado não quis que seu corpo fosse velado no palco do Tablado, por que segundo ela dizia: “Palco foi feito para a gente representar, capela para morto descansar’.

E foi na capela do Patronato Operário da Gávea que Clara teve sua grande despedida, com fundo musical de trechos de várias peças.

Pluft, o fantasma do cinema


Durante as filmagens dirigidas por Romain Lessage na produção do filme Pluft, o Fantasminha, as cenas passadas na taberna onde se reuniam os marinheiros tiveram a participação de um grupo “da pesada”, atuando como figurantes: Tom Jobim, Vinicius de Morais, Paulo Mendes Campos, Dorival Caymmi, Lucio Rangel, Rubem Braga e Sergio Porto, o famoso Stanislau Ponte Preta.

Um anel por refletores do Tablado

Contam os mais chegados à Maria Clara Machado que, certa vez, um namorado dela manifestou a vontade de lhe dar um anel. Ela, sem pensar duas vezes, agradeceu muito a intenção do rapaz mas pediu que trocasse o anel por dois refletores para o Tablado.

O choro de Grande Othelo

Conta a escritora Rachel Jardim, em seu livro “Os Anos Quarenta” que durante uma apresentação da peça Nossa Cidade, 1954, um dos grandes sucessos dos primeiros anos do Tablado, o ator Grande Otelo se emocionou tanto que não conseguiu controlar o choro, caindo em prantos

para espanto da platéia que sempre o identificava como um ator cômico.

Políticos prestigiam O Tablado

O BAILE DOS LADRÕES

Tanto sucesso fez a montagem desta peça no Tablado, em 1955, que numa de suas últimas apresentações encontravam-se na platéia nada menos que o então presidente da República, Café Filho, além de dois Ministros – Raul Fernandes, das Relações Exteriores, e Eugenio Gudin, então Ministro da Fazenda. Neste dia, o ator Nelson Dantas que fazia o papel de Lord Edgard ficou doente e foi substituído pelo diretor da peça, Geraldo Queiroz que, diante de tão seleta platéia chegou a se atrapalhar, errando marcações, sem, no entanto, prejudicar o espetáculo que acabou com a platéia aplaudindo de pé.

Barbara Heliodora, a Bruxa Chefe

Ninguém pode imaginar que a mais temida crítica de teatro do país, Barbara Heliodora, tenha tido participação ativa na primeira década do Teatro O Tablado, atuando como árvore, em 1956, na peça O Chapeuzinho Vermelho; como girafa na montagem de 1957 do O Embarque de Noé e como Bruxa-Chefe, em 1958, na peça A Bruxinha Que Era Boa.

Coisas de Maria Clara Machado

Numa tarde de verão, todos atarefadíssimos no Tablado, chegou uma moça dizendo que queria comprar um livro chamado 50 jogos Dramáticos. Maria Clara perguntou se ela tinha certeza de que era aquilo que queria e a moça confirmou. Maria Clara, então, não hesitou. Pegou o livro “100 jogos Dramáticos,” de sua autoria, partiu o mesmo ao meio e entregou a metade do livro à moça que ficou estupefata com tal cena.

O nascimento de O Tablado

Em 1949, antes de ser fundado o Teatro Tablado, um grupo de amigos se reuniu na casa do escritor Aníbal Machado, á rua Visconde de Pirajá 487, Ipanema, tendo como objetivo criar um grupo amador de teatro. Este grupo tinha à frente Maria Clara Machado, filha de Aníbal Machado, além de Claudio Fornari, Geraldo Queiroz, Jorge Leão Teixeira, Stelio Roxo, João Sergio Marinho Nunes e decidiram montar a peça A Farsa do Advogado Pathelin, uma obra prima do teatro medieval francês, que foi adaptada e dirigida pelo frei Sebastião Hasselmann. O recém criado grupo de teatro se intitulou Os Farsantes e fez uma breve temporada no Teatro de Bolso, em Ipanema.

Este grupo pode ser considerado o “embrião” do Tablado que viria a ser criado em 1951.