Projeto concebido originalmente para a área de Ideias do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília, Mitos do Teatro Brasileiro é calcado na memória das artes cênicas nacionais.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A visita da velha senhora



Uma das grandes atrizes do teatro brasileiro, Suzana Faini destaca-se em A mecânica das borboletas, montagem em que vive uma personagem à deriva do tempo

Sérgio Maggio

CENA 1 (tarde, às 16h, Setor Hoteleiro Sul) — Após sessão de nebulização para combater uma sinusite, a atriz Suzana Faini senta à cabeceira de uma longa mesa de reunião para rememorar décadas de ofício dedicado ao teatro e à dança. Aparenta, a princípio um pouco cansada, mas ao desfiar a memória, ganha entusiasmo. Chove lá fora e pessoas passam apressadas pela janela.
— Nossa é tanta coisa que vai aparecendo à mente. Há algumas que nem me lembrava mais.
CENA 1 (noite, às 21h10, Centro Cultural Banco do Brasil) — A personagem Rosália rega o canteiro de flores onde foram jogadas as cinzas do corpo do marido, Otto, enquanto duas lindas mariposas voam.
— Não se deve correr atrás das borboletas. É preciso cuidar bem do jardim para que as borboletas voltem.
Entre a mulher de carne e osso que se recupera do incômodo respiratório e a personagem atormentada da peça A mecânicas da borboletas, surgem diante dos olhos uma atriz e uma memória que se tecem em delicada coerência. Em cada ação do espetáculo presente ou em cada fiapo de história recontada, Suzana Faini se impõe, com naturalidade, sem precisar a recorrer a rótulos fáceis, como o de dama do teatro brasileiro. A princípio, ela não se sente muito à vontade com o título que a coloca no panteão das grandes intérpretes. Parece não lhe caber a boca. No entanto, quando pisa no palco e faz a narrativa cair tão facilmente em suas mãos ou quando enumera a trilha de montagens históricas, o lisonjeio lhe cai como uma sapatilha num pé de bailarina. Aliás, foi por aí que a menina começou.
 — Vim de um família de artistas. Meus pais eram cantores de ópera. Tinham uma vinda intensa tanto que os quatro filhos nasceram entre Rio e São Paulo.
Desde pequena, Suzana nasceu nesse ambiente cheio de possibilidades artísticas. Tinha uma tia violinista de orquestra. Aprendeu o instrumento e foi fazer balé clássico. Acabou fazendo parte do corpo de baile do Municipal do Rio de Janeiro. Adolescente descobriu um curso de teatro com a grandiosa Maria Clara Machado e experimentou jogos de improvisação.
— Nesse tempo, fazia muito coisa ao mesmo tempo. Trabalhava, estudava, aprendia violino e caminhava para a profissionalização da dança, que culminou como a minha ida ao famoso Ballet do IV Centenário de São Paulo. Foi lá que fiz um curso com Eugênio Kusnet (um dos responsáveis por introduzir no Brasil o método de Stanislavski) no Teatro Oficina.
 Suzana que cuidava de sua carreira como um jardim semeava aos poucos o teatro. Curiosamente, a televisão, que surgia e deslumbrava o brasileiro nos anos 1950 e 1960, foi a ponte. Suzana cruzou um caminho inverso e incomum. Parou em programas de música fazendo coreografias de fundo. O trabalho artístico não satisfazia mas abriu portas. Ali, ela descobriu os estúdios de novelas.
— Quis ser apresentadora de telejornal. Achava bonito. Mas não tinha salário para me pagar. Aí falaram para eu tentar as novelas e acabei estreando numa trama de Gloria Magadan (a cubana que antecedeu o sucesso de Janete Clair).
Daí para o primeiro grande sucesso nacional não demorou muito. Irmãos Coragem, a novela que colocou os homens diante da tevê, projetou Suzana no papel de Cema. A personagem era polêmica. Sofreu um estupro de um branco e escondeu do marido negro, criando um suspense sobre o nascimento do bebê.
— O público torcia para que a criança nascesse negra. Era a primeira vez que se mostrava um estupro numa novela. Era também inédita a relação de um casal étnico. Ganhei um prêmio do Sindicato dos Garimpeiros pela composição da personagem. Foi um orgulho.
O sucesso no tevê abre um caminho em sucessivas produções de Janete Clair, sobretudo. Mas, era, nos bastidores do teatro, que Suzana Faini criava o seu verdadeiro ambiente artístico. A experiência em dança e os conhecimentos musicais faziam dela uma estreante especial. Começou em pequenas substituições como em Oh, que delícia de Guerra, de Ademar Guerra. Depois, foi emendando produções.
— Lembro a perfeitamente da primeira vez que usei a minha voz no palco. Foi uma sensação muito especial.


O amigo B. de Paiva
São muitas as montagens que visitam a memória de Suzana Faini. A morte de Danton, espetáculo histórico de Aderbal Freire-Filho, que ocupou o canteiro de obras do Metrô do Rio, em 1977, saltam aos olhos da atriz. O texto de alemão George Buchner falava de revolução e ganhava encenação em espaço alternativo, que lembrava as ruínas da guerra. Ali, provavelmente, conheceu o diretor cearense B. de Paiva, que a dirigiu em A casa de Bernarda Alba.
— Gosto tanto dele. Ele vai me assistir em Brasília. Vai ser um dia especial.
A lista de montagens teatrais é grande. Suzana, dona de um coração mole, costuma dizer “sim” com facilidades aos projetos. Acha até que deveria selecionar mais. Ano passado, estava com seis propostas sobre a mesa. Nenhum deles era A visita da velha senhora, de Friedrich Dürrenmatt , uma peça que sempre sonhou fazer. Ficou com dois deles. Um dos mais recentes foi especialíssimo. A substituição da amiga Ida Gomes, que morreu em 2009, no cultuado musical 7, da dupla Claudio Botelho e Charles Möeller.  
— Ida era minha amiga. Uma atriz maravilhosa. Insubstituível. Queriam que eu assistisse ao DVD da peça. Não quis. Não poderia imitá-la. Minha homenagem foi construir uma nova personagem. Ficou totalmente diferente, emociona-se Suzana Faini, antes de seguir para o teatro, virar Rosário, cuidar do jardim da memória e esperar as visitas das duas borboletas.  

terça-feira, 17 de abril de 2012

As 3 velhas em Cuba


Maria Alice Vergueiro, em passagem na homenagem a Dina Sfat, no Mitos do Teatro Brasileiro


                                                                 Sérgio Maggio

Maria Alice Vergueiro está em êxtase. No dia 5 de maio, atriz e uma equipe de 10 profissionais seguem para Cuba, onde, juntos, vão apresentar o espetáculo As 3 velhas, que teve temporada de casa cheia e repercussões de público e crítica no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A montagem integra o prestigiado e tradicional festival Maio Teatral, organizado pela Casa de las Américas. “Estamos estudando como vamos fazer para adaptar a peça para o espectador cubano. Não sei se seria o caso de usar legendas. Talvez, uma síntese dos quadros resolveria, já que a peça tem um forte impacto visual e fala por si”, conta a atriz.
Sempre ligada ao movimento de vanguarda brasileiro, Maria Alice Vergueiro sonhou em ir a Cuba, num período de extrema obstrução da liberdade individual. Na década de 1970, com o Brasil mergulhado na ditadura militar, ela desejou conhecer a ilha de Fidel Castro, mas era muito perigoso, já que estava envolvida, sobretudo, com o Teatro Oficina, espaço que foi cerceado e violentado pela censura e por grupos armados de direita. “Agora, estamos neste momento interessante de transição. Acredito que há uma grande expectativa e muita cautela sobre esse processo de abertura. Como ficara? Eu não sei. Mas espero que eles consigam preservar todas as conquistas”, conta.
Com a apresentação marcada para 7 de maio, As 3 velhas apresenta ao povo cubano os pensamentos de Alejandro Jodorowsky, poeta, escritor, cineasta e dramaturgo chileno, que teve aproximações ideológicas com Cuba, nos anos 1960. Maria Alice e Jodorowsky se conheceram no Brasil e travaram aproximações afetivas a partir do jogo de tarô, exercício mítico e essencial para o criador chileno, em plena atividade hoje no Twitter. “O texto de As 3 velhas teve bastante interferência nossa. Mas a essencial é completamente dele”, observa a atriz.
Depois de temporadas no Rio, Brasília e São Paulo, As 3 velhas segue a estrada em festivais. Neste ano, passou por Recife e Fortaleza, seguindo em promissora carreira desde que estreou em 2010. Em cena, Maria Alice Vergueiro, Luciano Chirolli e Danilo Grangheia abalam as estruturas da burguesia ao retratar a vida de marquesas octogenárias e decadentes, num dos espetáculos mais inquietantes da última safra do teatro brasileiro, no qual Maria Alice Vergueiro, uma das nossas maiores damas do palco, expõe corpo e alma de atriz para construir uma experiência memorável. “Acredito que haverá um diálogo potente em Havana. Depois da apresentação, todos os artistas ainda participaram de um interessante e amplo debate sobre o tema teatro e realidade. Acho que vai sair coisas instigantes dessa conversa”, conta.   

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Senhora do Tempo



O ano de 1941 ainda está na cabeça de Bibi
Ferreira. Ela, uma garota demasiadamente
inebriada, nem tinha ciência
do passo que daria na estreia profissional,
com o espetáculo O inimigo das mulheres,
de Carlo Goldoni. Nos bastidores do Teatro Serrador,
via o pai, Procópio Ferreira, de mãos trêmulas,
nervoso de felicidade. Em casa cheia, o
público cativo de teatro não tirava os olhos da
filha do maior ator cômico do Brasil. Inconsciente
da devoradora expectativa, a aspirante a
atriz cumpriu a função e viu os aplausos e a crítica
selarem o destino dela: nascia ali o fenômeno
Bibi Ferreira, que chega aos 90 anos como
dama absoluta dos palcos brasileiros.
— Hoje, aqui nesta noite, está aberta
oficialmente a minha filial, diria profeticamente
Procópio Ferreira, em 1944, quando
jovem Bibi assumia a função de empresária
à frente de sua companhia teatral, com
a montagem Sétimo céu.
Ser cria artística daquele que foi o ator das
multidões já era em si um desafio grandioso.
Bibi Ferreira, no entanto, rompeu a condição
de filha de Procópio para se tornar uma artista
sem limites. Intérprete nascida em um
tempo em que o teatro brasileiro estava em
franco movimento de transição para a modernidade,
ela abraçou o ofício sem medo de
percorrer o movediço terreno entre a tradição
e a contemporaneidade. Não à toa, um
dos espetáculos mais emblemáticos da carreira
pertence à seara dos musicais políticos
dos anos 1970. Ela foi a primeira Joana, da
obra-prima Gota d’água, de Chico Buarque e
Paulo Pontes, encenada justamente no palco
do Tereza Rachel, em que sobe, amanhã, para
celebrar a longevidade artística.
— Retornar ao palco onde apresentei pela
primeira vez, em 1975, o musical Gota d’água
é de fato emocionante. Já faz algum tempo
que estamos amadurecendo a concepção
desse novo espetáculo para comemorar os
meus 90 anos de idade e a reinauguração
desse teatro. Nesse show, conto histórias da
minha vida que jamais havia revelado e reproduzo
os musicais que fiz e aqueles que eu
gostaria de ter feito, adianta Bibi Ferreira.
Atualíssima
Cercada por uma orquestra de 27 músicos,
regida pelo maestro Flávio Mendes, Bibi estará
sob os holofotes como uma artista que
atravessou a primeira década do século 21
atualíssima. O passado glorioso é apenas a
matéria-prima. Quem ficar diante de Bibi Ferreira
vai, sobretudo, apreciar o aqui e agora de
uma voz que arrebata a plateia e a lança ao êxtase.
Cantando a francesa Piaf, a portuguesa
Amália Rodrigues ou compositores brasileiros
(Nossos momentos, de Haroldo Barbosa e Luís
Reis), ela une a capacidade invulgar de unir as
interpretações de atriz e de cantora num só
corpo. Ela pisa no palco ao som de Malandragem,
sucesso de Cazuza na voz de Cássia
Eller, e segue entre um pot-pourri de Gota d’água
e temas de musicais da Broadway.
— É um sonho reabrir esse teatro com a
incrível Bibi Ferreira. Ela é de uma vitalidade e
de uma vivacidade admiráveis. Quero chegar
aos 90 assim, projeta o jovem produtor e empresário
Frederico Reder, 28 anos, responsável por
reativar o Teatro Tereza Rachel (agora Theatro
Net Rio), que, em 2001, virou templo evangélico.
Com temporada de dois meses, Bibi —
Histórias e canções lança pontes para uma
nova geração, acostumada a pautar a existência
dos ídolos do palco a partir da aparição
nos programas televisivos, percorrer os multicaminhos
da diretora, responsável por sucessos
históricos — a exemplo de Brasileiro,
profissão: esperança, de Paulo Pontes, que teve
as duplas Maria Bethânia & Ítalo Rossi e
Clara Nunes & Paulo Gracindo revezando-se
em duas temporadas distintas — e por incontáveis
montagens comerciais; da atriz e da
cantora, que viaja o mundo, num francês irretocável,
a recriar as canções da Piaf. Quando
se unem, Bibi e Piaf tocam a perfeição.

BIBI – HISTÓRIAS E CANÇÕES
Theatro Net Rio (Shopping Copacabana). De
sexta a domingo, até 27 de maio. Ingressos:
R$ 150 (plateia inferior) e R$ 100 (Balcão).
Não recomendado para menores de 12 anos.
Informações: www.theatronetrio.com.br.

Naturalmente
democrático
O histórico Teatro Tereza Rachel volta
reformado, de nome novo (Theatro Net
Rio) e com duas salas. A primeira,
inaugurada por Bibi, mantém o nome da
atriz e antiga proprietária. Surge
ampliada de 550 lugares para 798. A
outra, em construção, será batizada de
Paulo Pontes (dramaturgo e autor de
Gota d´água), com capacidade para 200
espectadores. O empreendimento
devolveu o espaço histórico ao circuito
cultural do Rio de Janeiro.
Aberto em 14 de outubro de 1971
(sucedendo a gestão de Ruth Escobar),
com o antológico show A todo vapor, de
Gal Costa, o Terezão, conhecido assim
pela ampla extensão ocupada no
Shopping Copacabana foi palco de
espetáculos históricos. Ali, lembra
Frederico Reder, teve Dzis Croquetes,
Gilberto Gil com o show 2222 e
Gonzagão em sua retomada gloriosa,
com Luiz Gonzaga volta pra curtir. A
ideia da atual gestão é seguir
naturalmente o caminho traçado ao
longo de quatro décadas e assumir o
perfil artístico diversificado e
democrático, interrompido pelo período
em que a casa foi arrendada por oito
anos para uma igreja evangélica.

My fair lady



ESPECIAL PARA O CORREIO

Fui ao encontro de Bibi Ferreira, em seu apartamento, no Flamengo, numa tarde de julho de 2010, a fim de colher depoimento para o projeto Mitos do Teatro Brasileiro, que homenagearia Procópio Ferreira. A atriz sentou-se calmamente diante da câmera, delicadamente dirigiu o registro e, ao ouvir o sinal de gravando, respirou e cresceu extraordinariamente, como se estivesse num palco, diante do visor. Foi emocionante
vê-la passear pelo teatro que a abraçou desde menina. E mais vigoroso testemunhar ao vivo o carinho com que ela se lembra do pai,um dos maiores atores deste país.Divido aqui, com os leitores do Correio, alguns momentos daquela conversa que ficará para sempre em minha memória.


PROCÓPIO, PAI
“Papai, convivi muito pouco com ele. As verdades precisam ser ditas. Ele se separou de mamãe (a atriz e cantora Aída Izquierdo) quando eu tinha 1 ano de idade. Depois, voltaram a ser amigos quando eu tinha de 5 a 8 e se separaram definitivamente. Esse Procópio pai eu não tive.Mas o papai do teatro compensava qualquer falta, um homem organizado, meticuloso e alegre. Tinha o hábito de chegar ao teatro com
aquela voz deslumbrante, de dicção perfeita, e extensão vocal, que se ele falasse na peça um segredo,
numtom menor, o sussurro era ouvido na última fila”

PROCÓPIO, ATOR
“Eraumhomemquefaziaparte
da família do Brasil, era a alegria
do país numa época em que
não existia a televisão. Ele viajava
esse país enorme a ponto de GetúlioVargas
anunciar: ‘Procópio
botou mais cidades no mapa do
Brasil do que muito cartógrafo.
Como só existiam grandes teatros
nas cidades antigas, papai
trabalhava na igreja, nas varandas,
nas casas dos prefeitos. Não
tinha problemas. Era bem-vindo
nas cidades”

DUO NO PALCO
Várias vezes, eu e papai atuamos
juntos no palco e, não muito,
tínhamos que fazer personagens
que não eram pai e filha.
Fizemos papéis de marido emulher
e até amantes. Podia contar
que seria um insucesso a peça
em que éramos amantes. A reação
era negativa. A moral do povo
não admitia. Descobrimos
isso, quatro ou cinco peças depois.
Um dos nossos maiores
sucessos foi Divórcio, de Clemence
Dane, o primeiro grande
drama da carreira de papai”

PRECONCEITO 
Fui estudar no colégio de freiras do Sion e as elas se negaram a ter a menina filha de artista, filha de Procópio Ferreira. Papai era um homem de prestígio na sociedade e tinha muitos amigos importantes, como Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, o dono dos jornais do Brasil. Ele fez disso que aconteceu em nossas vidas um escândalo brutal, denunciando essa situação. Hoje, as famílias pagam os atores para animar as festas de 15 anos de suas filhas,veja bem como a coisa mudou”

DULCINA DE MORAES
Era dona de uma coragem enorme. A prova é o Teatro Dulcina de Moraes e a Fundação Brasileira de Teatro, edificados tijolo por tijolo em Brasília. Inauguramos o teatro com Gota d’água. Dulcina vivia uma vida de teatro, de duas sessões por dia, numa épocas em descanso semanal. Foi a primeira a acabar com tudo isso, com as folgas às segundas. Tinha um repertório eclético e de grandes sucessos, como Chuva. Ela merecia uma estátua em Brasília,em frente à faculdade.O corpo dela presente como sempre
diante do teatro”

MEMÓRIA
Falta ao Brasil mais atenção aos artistas nacionais. Alda Garrido, uma grande atriz, inesquecível em Dona Xepa; Iracema de Alencar, outra intérprete maravilhosa; Conchita deMoraes; Palmerim Silva…Tantos  grandes nomes esquecidos. Se não temos um museu bem cuidado para Carmem Miranda, que foi tão longe, como teremos para essas pessoas que foram a alegria do povo. Precisávamos cuidar mais das nossas
coisas, das lembranças dessa gente que tanto nos divertiu, numa época sem televisão”