Projeto concebido originalmente para a área de Ideias do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília, Mitos do Teatro Brasileiro é calcado na memória das artes cênicas nacionais.

domingo, 16 de maio de 2010

Menina predestinada


Nascida em 3 de fevereiro de 1908, em seio de família que carregava no gene 250 anos de tablado e sete gerações consecutivas de atrizes, a menina estava predestinada aos palcos. O casal Átila e Conchita de Moraes, intérpretes respeitados, viajava em turnê pelo interior do Rio de Janeiro, quando as dores de parto irromperam o trabalho no palco.
Em Valença, vinha ao mundo Dulcina, com o nome que homenageava a avó, também atriz. Com um mês de vida, ela já estava em cena no papel de uma boneca. A mãe enfeitou o berço com fitas coloridas, guizos e bolinhas. No auge da dramaticidade, com a briga dos protagonistas no palco, o bebê mexeu as pernas, os braços e soltou choro fraco. A platéia, que pensava em se tratar de um bibelô inanimado, desconfiou e dobrou-se de rir.
— Foi a primeira vez e única que, na minha carreira, não agi como profissional. Talvez seja por isso que eu seja uma das atrizes mais disciplinadas do teatro brasileiro.

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