Projeto concebido originalmente para a área de Ideias do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília, Mitos do Teatro Brasileiro é calcado na memória das artes cênicas nacionais.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Evoé, Dulcina de Moraes!


Domingo de carnaval, 3 de fevereiro, Dulcina de Moraes completaria 100 anos. Apontada como a personalidade mais influente do teatro brasileiro no século 20, a atriz, diretora e educadora soube acompanhar a mudança das artes cênicas dos tempos tradicionais para a modernidade. Filha de grandes intérpretes, a cubana Conchita de Moraes e o português Átila de Moraes, Dulcina cresceu em ambiente teatral. Estreou aos 17 anos na companhia de Leopoldo Fróes, o grande ator das primeiras décadas do século 20. Estava ao lados dos jovens Procópio Ferreira e Jaime Costa, dois futuros grandes intérpretes da comédia brasileira. Na década seguinte, conhece o intelectual e empreendedor Odilon Azevedo e forma a Companhia Dulcina-Odilon, um marco no teatro nacional.

Dulcina traz para o Brasil novos autores, como Bernard Shaw e García Lorca. É a primeira atriz a intepretar Lorca em português. Faz Bodas de sangue e viaja mundo afora em sucesso avassalador. Na década de 40, aclamada como a primeira atriz brasileira, faz sucesso mundial com Chuva. Se brilha como atriz, propõe o fim de modelos obsoletos, como o uso do ponto (aquele profissional que sopra o texto para o ator da boca de cena). Muda a relação trabalhista ao promover as folgas às segundas, numa época que se tinha teatro todo dia.
Idealista, fala de ética profissional e da necessidade de se criar um curso superior em artes cênicas. Funda em 1955, a Fundação Brasileira de Teatro, no Rio, com professores do porte de Cacilda Becker e Ziembiski. Forma uma nova geração de intérpretes como Rubens Correa e Suely Franco. Revela autores a exemplo de Ariano Suassuana com O auto da Compadecida. Está no auge da atividade profissional quando se apaixona pelo sonho de Brasília. Transfere-se para cá onde investe todo o patrimônio. É a primeira grande investida nas artes cênicas da cidade. A Faculdade em Brasília revela grandes nomes do nosso teatro. Morre em 1996 completamente endividada, mas com o legado incalculável para o teatro brasileiro.

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