O fato aconteceu também em "Deus Lhe Pague", de Joracy Camargo , celebrando o centenário de Procópio Ferreira.
Durante os ensaios chegaram a barba e o bigode encomendados para
minha personagem. O peruqueiro errara a mão e eu fiquei parecendo mais
um Abrahão, ou Moysés, de festa religiosa do interior.
Saí do camarim achando a barba horrorosa e atravessei todo o palco e
platéia em busca do olhar de aprovação, ou não, de Bibi para a malfadada
bola de pelos que me fora entregue.
Todos os colegas riam a bandeiras desfraldadas ( hoje com Demóstenes Torres ririam a bandeiras defraudadas).
A barba era ridicula e eu, com meu show particular e minha percepção de comediante a tornava ainda mais risível.
Quando cheguei junto de Bibi ouvi dela o seguinte comentário:
- O senhor deveria ter me chamado ao seu camarim antes de se
expor desta forma ridícula perante seus colegas! O senhor é o
protagonista da peça, não pode se expor desta maneira. Tenha pudor!!!
Mais um esporro e mais uma lição aprendida.
Sempre grato a Bibi Ferreira e suas lições.
Bibi Ferreira e Walter Avancini, a disciplina e o pudor do ator
Quando se fala em disciplina na profissão das artes cênicas sempre se
associa logo que disciplina é chegar no horário. Muitas vezes eu ouço
atores dizendo:
-Eu sou profissional, chego sempre no horário.
Como se o profissionalismo se resumsse a isto. Chegar no horário é o
mínimo que se pode esperar de um ator, porque isto é o que se deve
esperar de qualquer pessoa que tenha um compromisso agendado.
Profissional , ou não.
Quando eu falo de disciplina refiro-me à disciplina interna do ator,
coisa que aprendi cdom dois mestres: Bibi Ferreira e Walter Avancini,
uma no Teatro e o outro na TV.
Com Bibi aprendi umas coisinhas mais: a credibilidade e o pudor que todo ator deve ter.
Para dar um exemplo conto o fato ocorrido entre eu e Bibi, em São
Paulo, quando da estréia da peça "Deus Lhe Pague", de Joracy Camargo,
onde contracenava com Humberto Martins e Adriane Galisteu.
Fazia frio na época da estréia, e eu como bom morador do Rio tinha
apenas uma blusa de lã. Por sinal cara e de renomada etiqueta. mas
quando cheguei ao saguão do Hotel para ir com ela à estréia no Teatro,
ela me disse:
-"O senhor não tem um sobretudo? Vai me aparecer com esta
blusinha de lã para a platéia paulistana? O senhor é um ator, um
protagonista, uma estrela !!! Tem que estar sempre muito bem vestido, o
público o observa sempre. Amanhã o senhor saia e compre um sobretudo.
tenha pudor !!!"
Não preciso dizer que ensaiar ou trabalhar de bermudas e chinelos, para Bibi, nem pensar !!!
Em próximos posts continuarei o assunto.
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