Projeto concebido originalmente para a área de Ideias do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília, Mitos do Teatro Brasileiro é calcado na memória das artes cênicas nacionais.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Boas histórias de Bemvindo Sequeira

Deus Lhe Pague mendigo Foto 62 653x1024 Ainda sobre Bibi Ferreira  e o pudor do ator
Afinal a barba correta, obra do Mestre Vavá Torres


O fato aconteceu também em "Deus Lhe Pague", de Joracy Camargo , celebrando o centenário de Procópio Ferreira.
Durante os ensaios chegaram a barba e o bigode encomendados para minha personagem. O peruqueiro errara a mão e eu fiquei parecendo mais um Abrahão, ou Moysés, de festa religiosa do interior.
Saí do camarim achando a barba horrorosa e atravessei todo o palco e platéia em busca do olhar de aprovação, ou não, de Bibi para a malfadada bola de pelos que me fora entregue.
Todos os colegas riam a bandeiras desfraldadas  ( hoje com Demóstenes Torres ririam a bandeiras defraudadas).
A barba era ridicula e eu, com meu show particular e minha percepção de comediante a tornava ainda mais risível.
Quando cheguei junto de Bibi ouvi dela o seguinte comentário:
- O senhor deveria ter me chamado ao seu camarim antes de se expor desta forma ridícula perante seus colegas! O senhor é o protagonista da peça, não pode se expor desta maneira. Tenha pudor!!!
Mais um esporro e mais uma lição aprendida.
Sempre grato a Bibi Ferreira e suas lições.

Bibi Ferreira e Walter Avancini, a disciplina e o pudor do ator

Deus Lhe pague foto 1 Bibi Ferreira  e Walter Avancini, a disciplina e o pudor do ator
Eu e Adriane Galisteu em "Deus Lhe Pague " - SP 1999
Quando se fala em disciplina na profissão das artes cênicas sempre se associa logo que disciplina é chegar no horário. Muitas vezes eu ouço atores dizendo:
-Eu sou profissional, chego sempre no horário.
Como se o profissionalismo se resumsse a isto. Chegar no horário é o mínimo que se pode esperar de um ator, porque isto é o que se deve esperar de qualquer pessoa que tenha um compromisso agendado. Profissional , ou não.
Quando eu falo de disciplina refiro-me à disciplina interna  do ator, coisa que aprendi cdom dois mestres: Bibi Ferreira e Walter Avancini, uma no Teatro e o  outro na TV.
Com Bibi aprendi umas coisinhas mais: a credibilidade e o pudor que todo ator deve ter.
Para dar um exemplo conto o fato ocorrido entre eu e Bibi, em São Paulo, quando da estréia da peça "Deus Lhe Pague", de Joracy Camargo, onde contracenava com Humberto Martins e Adriane Galisteu.
Fazia frio na época da estréia, e  eu como bom morador do Rio tinha apenas uma blusa de lã. Por sinal cara e de renomada etiqueta. mas quando cheguei ao saguão do Hotel para ir com ela à estréia no Teatro, ela me disse:
-"O senhor não tem um sobretudo? Vai me aparecer com esta blusinha de lã para a platéia paulistana? O senhor é um ator, um protagonista, uma estrela !!! Tem que estar sempre muito bem vestido, o público o observa sempre. Amanhã o senhor saia e compre um sobretudo. tenha pudor !!!"
Não preciso dizer que ensaiar ou trabalhar de bermudas e chinelos, para Bibi, nem pensar !!!
Em próximos posts continuarei o assunto.

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