À Dulcina de Moraes, deve-se o fim da “carteira de prostituta” dada às atrizes. Era um documento maldito, retirado na polícia, que permitia a mulher trabalhar na área de diversão. O começo da profissionalização no teatro brasileiro passou pelos sonhos de menina de 15 anos, que integrou a Companhia Brasileira de Comédia de Viriato Correia, Oduvaldo Viana e Niccolino Viggiani, grupo obstinado em encenar autores nacionais. À época, ela dividia as coxias com o pai, a irmã Edith e estupendas atrizes como Belmira de Almeida, Iracema de Alencar e Lucilia Péres.
Dois anos depois, Dulcina de Moraes faria teste para a cobiçada companhia de Leopoldo Fróes, o intérprete mítico dos anos 1920. Dia 7 de julho de 1925, ela, aos 17 anos, subia ao palco como estrela de Lua cheia, do francês André Birabeau. Era a época das companhias teatrais, que cruzavam o país de ponta a ponta, levando ao povo arte feita por atores de fé no ofício.
— Eu conhecia minha gente muito bem. O que está prejudicando o nosso teatro hoje é essa mania horrorosa das companhias formarem elencos para uma ou duas peças apenas, onde a maioria dos atores nunca trabalhou em conjunto, ninguém se conhece, o resultado fica sendo uma grande salada. O espetáculo se transforma numa coisa heterogênea, cheia de altos e baixos, muito mais baixos do que altos.
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