"Não é este, por certo, o teatro popular que eu gostaria de ver florescer no Brasil: a obstinação de Dercy em ver o público das chamadas camadas menos privilegiadas como algo de irremediavelmente primário; a sua recusa em contribuir para que esse público fosse levado sequer um passo na direção da conscientização; a sua ojeriza a qualquer idéia de renovação - tudo isso caracteriza uma posição revoltantemente reacionária".
Já o crítico Sábato Magaldi aborda o estilo da atriz pelo lado da assumida marginalidade:
"Imperceptivelmente, começa-se a sentir por que Dercy sintoniza tanto com o público. Ela assume a própria marginalidade, erigindo-a como um troféu. O povo brasileiro também, por circunstâncias históricas, políticas e econômicas, acabou sendo marginalizado, ainda que ostente o emblema da completa soberania. Dercy perseguida, incompreendida, marginalizada, mas dando a volta por cima, no deboche e no sarcasmo, confunde-se com a efígie não expressa que parcela ponderável da população tem a seu próprio respeito. O riso provoca a catarse. (...) rindo, se aprende com ela uma profunda lição de brasilidade".
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