Projeto concebido originalmente para a área de Ideias do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília, Mitos do Teatro Brasileiro é calcado na memória das artes cênicas nacionais.

domingo, 27 de junho de 2010

Crítica dividida


Em 1985, a atriz recebe o Troféu Mambembe como melhor personagem de teatro, uma categoria criada especialmente para ela que, em setenta anos de carreira, não conquistou nenhum prêmio por seu desempenho de atriz. Os críticos vêem dois lados de abordagem de seu trabalho: o lado do sucesso fácil e o da autenticidade. Yan Michalski, quando a atriz anuncia seu afastamento dos palcos, em 1971, escreve:


"Não é este, por certo, o teatro popular que eu gostaria de ver florescer no Brasil: a obstinação de Dercy em ver o público das chamadas camadas menos privilegiadas como algo de irremediavelmente primário; a sua recusa em contribuir para que esse público fosse levado sequer um passo na direção da conscientização; a sua ojeriza a qualquer idéia de renovação - tudo isso caracteriza uma posição revoltantemente reacionária".



Já o crítico Sábato Magaldi aborda o estilo da atriz pelo lado da assumida marginalidade:
"Imperceptivelmente, começa-se a sentir por que Dercy sintoniza tanto com o público. Ela assume a própria marginalidade, erigindo-a como um troféu. O povo brasileiro também, por circunstâncias históricas, políticas e econômicas, acabou sendo marginalizado, ainda que ostente o emblema da completa soberania. Dercy perseguida, incompreendida, marginalizada, mas dando a volta por cima, no deboche e no sarcasmo, confunde-se com a efígie não expressa que parcela ponderável da população tem a seu próprio respeito. O riso provoca a catarse. (...) rindo, se aprende com ela uma profunda lição de brasilidade".



Fonte: Itaú Cultural

Nenhum comentário:

Postar um comentário